Anna Threreza

Belo Horizonte, ano de 1921.
Eu caminhava lentamente pelas ruas vazias de minha cidade, tarde da noite, onde não havia mais ninguém, não havia barulho ou sequer uma viva alma naquelas ruas, fora eu. Perdoe a minha indisciplina, esqueci - me de me apresentar. Me chamo Anna Thereza Lopes, tenho vinte anos e sou uma mineira nativa de Belo Horizonte. Se não se importa, gostaria de continuar minha narrativa. Envolta pela penumbra da noite, eu mal podia perceber que, atrás de mim, alguém vinha a ligeiros e cautelosos passos. De repente, um duro golpe fez - me perder a consciência.
Quando pude ver - me sã novamente, estava em uma pequena cabana de madeira. Tentei sair, mas a porta encontrava - se trancada. Gritei o quanto pude, mas ninguém me ouviu. Com a voz cansada, recolhi - me para descansar no silêncio da noite, aproveitando a maravilhosa brisa que batia em minha face, acariciando - me o cabelo.
Dia seguinte, percebi um prato de comida com um copo de água. Alguém estivera na cabana enquanto eu desacansava. O prato era bobó de camarão. Eu jamais tive prazer em comer bobó de camarão, mas a fome me consumia por inteiro. Então, percebi uma janela atrás de mim. Eu poderia ir embora dali. Sem pestanejar, escapei pela janelinha e vi - me em uma mata gigantesca e estranha. Árvores escuras gigantescas rodeavam - me. Eu não fazia a mínima ideia de onde poderia estar. Será que eu poderia estar em Minas, pensava eu. Então, resolvi andar mata adentro, tentando achar alguém que pudesse me dizer onde eu estava.
Cinco horas. Eu havia andado cinco horas. E nada. Parecia que a floresta não tinha fim. Por fim, vi luz. Feliz, corri em sua direção. Infeliz ideia. A luz vinha de um buraco fundo. Caí lá dentro. Eu não sei no que foi feito de mim a partir desse momento. Acho que estou morta, no inferno. E você, quando chega aqui? se você não vier, vou te buscar. E vou mesmo.
FIM.