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A vida de Angelina

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Mensagem por Monster Qui 02 Jun 2011, 20:30

Olá meu nome é Angelina, eu nasci de uma família pobre, filha de um pastor e de uma moça da roça, ambos não eram jovens quando me tiveram, meu pai tinha 43 e minha mãe 39,
um incêndio onde minha mãe e meu pai trabalhavam forçou a nós nos mudarmos para uma pequena cidade no sul da Bahia, meu pai virou pastor das ovelhas carentes de um senhor de 78 anos, e minha mãe começou a trabalhar na roça da Dona Christinha alguns quilômetros da minha casa, passei a estudei em um humilde colégio, era de baixo ensino mas mesmo assim me mostrei inteligente e ganhei uma pequena bolsa de estudos e fui para um particular, lá conheci o primeiro garoto que amei, o Johann, começamos a namorar no ensino médio, e nos casamos quando eu saí da escola, com 18 anos, um ano depois dei a luz ao meu primeiro filho Herman, depois nos mudamos para o Rio de Janeiro, completei minha faculdade aos 26 anos, comecei a trabalhar no jornal e Johann era dono de um restaurante famosíssimo lá no Rio.
Ainda me lembro dele falando que conseguimos dinheiro para comprar um Styleline 1952 da Chevrolet, ah carrinho bonito...
Compramos aquela belesura, da cor azul escuro, Herman adorava brincar dentro do Styleline... no dia do aniversário dele ele ficava falando ''mamãe eu quero um irmãozinho logo'' e eu o respondia ''okay, logo, logo, mas agora eu não quero fabricar mais um''. Uma semana depois descobri minha segunda gravidez, o Herman não parava de sorrir e falar ''obrigada mamãe, eu sabia que você chamaria a cegonha logo'', ainda bem que ele não sabe de onde os bebês vêm...
Ainda grávida, eu recebi uma promoção, era uma das melhores colunistas do jornal do Rio! Na mesma noite, em 1956, recebi uma carta de meus pais ''nós iremos visitar você logo meu amor, provavelmente daqui a 3 dias''. Fiquei tão animada, Johann arrumava o escritório, Herman o seu quartinho e eu limpava a casa, passavam-se 3 dias e a casa empecável, as 7:30 eu já punha o peru a assar no velho forno, depois Herman me ajudava com a macarronada, e enquanto isso Johann fazia suco, depois de nos arrumarmos a comida estava finalmente pronta, as 1:15 escutei aquele som:
''DING DONG'' Eles haviam chegado! Que felicidade! Abri a porta e me deparei com aquele belo sorriso da minha mãe, que já estava envelhecida mas ainda reconhecivel, eu a abraçava carinhosamente e depois dava um leve beijo na bochecha, meu pai descarregava as malas e eu e Johann fomos ajuda-lo enquanto Herman conhecia melhor a avó. ''Que bela criança, cresceu tanto! E você minha filha, já vai ter outro?!'' Dizia ela rindo. Vamos entrem!
Nós almoçamos apreciando aquele delicioso sabor do meu tempero secreto. ''Que delícia!'' Dizia meu pai. ''Minha mãe é mestra em cozinha vovô!'' Eu ri naquela hora, Herman era uma graça falando... Passaram-se alguns dias e então meus pais foram embora. Fiquei tão magoada em vê-los se despedindo...
Logo então já começava-se o período de trabalho e escola, Johann no restaurante, Herman na escola e eu fazendo colunas e pesquisando, as vezes eu caminhava metade do Rio de Janeiro apenas para fazer entrevistas e pesquisas para fazer as colunas, eu odiava uma coisa no meu emprego: meu colega de trabalho, o filho da mãe trabalhava menos e ganhava mais... naquela época as mulheres não haviam conseguido tanta liberdade ainda...
Voltei do trabalho exausta, Johann me deu um beijo e falou que ia acertar uma contas do restaurante e já voltava, então me deparei com Herman fazendo uma cara feia e falando ''Mamãe, eu sei de onde os bebês vêm! Você mentiu para mim!'' Disse ele resmungando. Eu falei ''Sabe é?'' e depois me desculpei...
Alguns meses de trabalho me levaram a mais um promoção, agora eu fazia as páginas principais dos jornais! Ao chegar em casa minha bolsa estourou e lá em casa mesmo nasceu a Christina, menininha doce de olhos azuis... Meu chefe felizmente me deu uma folga para me recuperar, então nos abraçamos na cama e nós quatro dormimos lá mesmo. Dentro de um mês voltei a trabalhar, mas é claro a Christina vinha comigo, ela não atrapalhava nada, apesar de alguns trabalhadores ficarem me encarando rsrs. No ano de 1960 eu entrei para o grupo feminista, tentando recuperar a vida das mulheres, Christina, com quatro anos e Herman com 11, ficavam em casa com o Johann enquanto eu ia protestar, eu já com trinta anos fazia, cartazes etc, mas apenas surtiu um leve efeito... tive a novidade de mais uma vez engravidar! O terceiro neném é ótimo! Meus pais nos visitaram mais uma vez e dessa vez ficamos conversando em frente a lareira até o amanhecer... então eles foram embora e a rotina de trabalho ia mais uma vez seguindo em frente, recebi um aumento de 30 reais(eu ganhava 50 reais por dia) então passei a ganhar 400 por semana. Tive o Carlos e 9 de janeiro de 1961, ele era outra criança linda! No mesmo ano compramos uma casa e compramos um carro novo importado, um recentíssissimo wolksvagem karmann ghia 1960, outra belezura de carro. Herman estava me orgulhando cada vez mais haviam passado-se dez anos agora ele já estava com 22 anos, Christina a minha xuxuzinha estava com 15, e o meu Carlinhos com os 10 anos e eu e Johann... envelhecendo... 40 infelizes anos, eu odeio envelhecer. Herman iria se casar com uma garota de 20, então nós fomos ao casamento (inclusive meus pais) e celebramos aquilo, eu chorei ao vê-lo partindo com a Carmen indo para o litoral do rio, Johann tentou me acalmar dizendo que eu permanecia bonita e uma boa mãe, ele me disse que a vida passava mais sem deixar traços de negligência ou descuidado, pois eu me sentia culpada por ele estar partindo. Eu continuei fazendo greve feminista, e então depois de 7 anos(1977) conseguimos o dia Internacional da Mulher, consegui meus direitos, mas desta vez já estava apenas com o Carlos, e o Johann e... já era vovó! Alguns dias depois do meu neto Gabriel nascer(o filho do Herman)
meus pais faleceram... mas mesmo assim não me aborreci, aos 47 eu e Johann ainda eramos apaixonados e ainda cuidava-mos do nosso filho de 17 anos Carlos. Passaram-se 3 anos, o meu Carlos já estava fazendo faculdade e Christina estava esperando um bebê do noivo George.
Eu continuava com o meu karmann ghia 1960 apesar de estarmos em 1980 rsrs. No mesmo ano Johann teve pneumonia e... infelizmente ele faleceu, meu verdadeiro amor se foi... mas acho que vou prosseguir a vida... se eu suportar é claro. Com o falecimento dele meus filhos vieram me visitar, então já fiquei melhor, eu conheci meu netinho Gabriel e conheci minha futura neta Sophie. Eu perguntava para a Christina como ela sabia que era uma menina e sempre era a mesma resposta '' intuição mamãe'', Carlos me apresentou a namorada Sabrina e depois da festa para tentar me alegrar, nos aconchegamos em frente a lareira como antigamente, e dormimos. Foi uma noite incrível, eram 8:55 quando escutei a Christina gritar ''Socorro minha bolsa estourou!'' Todos corriam para dentro do meu karmann ghia e eu dirigi até o hospital, nasceu realmente uma menina, e é claro, batizada de Sophie.
Quatro anos depois, nasceu minha outra neta (filha do Hermann) Jeanine, a Christina se casou, e o Carlos pediu a Sabrina em casamento. Que bela família!
No meu aniversário de 55 anos, meu filhos me fizeram uma surpresa: iriam se mudar para o rio! Que felicidade! Compramos uma casa grande, com piscina e tudo, e festejamos até o amanhecer, vendi meu Karmann Ghia para um colecionador por muito dinheiro e comprei um Gurgel, um carro produzido no brasil mesmo! Minha família viveu feliz por muito tempo... vinte anos depois eu estava com 70, meus netos já tinham filhos e eu vivia feliz, viajei para os estados unidos, comprei muitas coisas, fui até a Disney com minha família! Minha vida foi triste... mas estou feliz por minhas conquistas! Comprei um computador... já fui até em uma exposição de carros antigos! Eu sabia que eu estava perto da morte.... mas o importante é que vivi minha vida, tenho 70 anos e estou saudável! Durante 11 anos fiquei fazendo viagens, de navio, avião, comprei um iphone, tive minhas coisas ruins e boas, mas eu consegui viver, uma vida boa! Em 11 anos me tornei tataravó, perdi meu primeiro filho Hermann... ele morreu num acidente de carro em 2008... mas durante 11 anos vi meus parente crscerem e terem uma vida boa também! Mas... esses 11 anos seriam meus ultimos anos... em 2011 fui me deitar, sonhei com meu marido, minha mãe e meu pai e meu filho, então eu... então eu morri. Com 81 anos eu morri.
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Mensagem por Juuh S2 Sex 03 Jun 2011, 13:17

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Mensagem por Micas Sex 03 Jun 2011, 15:35

O final podia ser melhor mas gostei ^^
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