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Quer comprar um fantasma? Empty Quer comprar um fantasma?

Mensagem por Amanda Muniz Sex 05 Nov 2010, 21:48

Caxias do Sul parecia estar mais sombria que nunca. Fazia mais de dois meses que a cidade não via o sol, e eram poucos os dias em que não chovia constantemente, na maioria das vezes não dava para enxergar nem dois metros á frente porque a cerração não permitia, parecia o perfeito cenário para um filme de terror. Os jornais locais já haviam noticiado pelo menos cinco suicídios... Cinco, em apenas dois meses. Bom, eu não os culpo, bastava olhar pela janela e o cenário cinza era o suficiente para deprimir a mais feliz das pessoas.
Cidade fria e chuvosa, paredões de prédios, apenas uma árvore esperando para ser cortada em cada quadra, tudo isso ao som de buzinas apressadas dos carros e pessoas estressadas caminhando e esbarrando umas nas outras sem ao menos pedir desculpas.
Cheguei em meu apartamento ensopada, o guarda-chuva não tinha adiantado muito, chegando ao meu quarto tirei os sapatos, a jaqueta e as calças molhadas até os joelhos.

- Mãe! Está em casa?
Esperei dois minutos para confirmar que ela não estava. Fui até a sala, peguei o telefone que fica ao lado do computador e disquei o número dela. Liguei o computador enquanto aguardava ela atender.
- Fala, filha!?
Disse minha mãe do outro lado da linha assim que atendeu o celular.
- Oi mãe! Não é nada, só liguei pra ver se estava bem.
- Sim, está tudo ótimo. Estou na casa da sua tia, chego em casa por volta das oito.
Olhei para o relógio e, apesar do céu estar escuro, ainda eram seis da tarde.

- Ham, tá bom mãe. Se cuida, beijo.
- Tchau filha.
O computador sem demora estava ligado. Como de costume a primeira coisa que fiz foi checar meus e-mails.
''COMPRE UM MASCOTE!!!''
Dizia o primeiro e-mail da caixa de entrada. Apaguei, não estava interessada em mais um vírus no meu computador. Abri o YouTube e procurei algum vídeo interessante, a página sumiu da tela sozinha.
- Mas que droga...
Disse a mim mesma. No meu e-mail estava novamente no topo da lista ''COMPRE UM MASCOTE!!!''. Eu não havia apagado isso?
Meu celular tocou.
- Alô?
- Nena! É a Luiza... Tá com o 'PC' ligado?
- Sim. Por que?
Perguntei.
- Já checou seus E-mails?
- Estou fazendo isso agora.
- Legal, legal, legal! Todo mundo recebeu uma mensagem sobre um mascote. Tu recebeu também?
- Sim, mas nem abri Lu. Parece vírus.

- Bom, então abre a-go-ra!
- O que é? Não quero um bichinho de estimação.
- Há há. Não é bem um bichinho. Bom, dá uma olhada e depois me liga!
- Ta bom. Beijo!
- Liga mesmo hein?!
Terminou Luiza desligando o telefone.
- Bom, deve ser interessante.
Eu disse abrindo a mensagem.
'' COMPRE UM MASCOTE!!!
Venha logo buscar o seu! Um mascote que não precisa ser alimentado e não faz sujeira.
Você pode escolher o que quiser, temos de todas as idades e estilos.
Mande-nos uma resposta e te mandaremos o nosso endereço.
Basta trazer um objeto pessoal em troca e o mascote será seu. ''
- Lu?
Falei já no celular.
- Oi Nena! Leu o E-mail?
- Li... Mas, afinal o que é esse mascote?
- Olha só, o babado é o seguinte... O amigo de um primo meu já foi buscar um mascote. E, agora vem a melhor parte, ele ganhou um atestado de óbito e a foto de uma menina chamada Carina.
- Peraí peraí peraí! Um... Atestado de óbito?

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Mensagem por Amanda Muniz Sex 05 Nov 2010, 21:49

Se gostarem posto continuação!!
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Mensagem por Tenebrae Sáb 06 Nov 2010, 05:20

hm ta ficando interessante *-* esperando continuação '-'
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Mensagem por Master_Mackenzie Sáb 06 Nov 2010, 09:00

mt boa
^^
continua,dã
*-*
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Mensagem por Amanda Muniz Sáb 06 Nov 2010, 10:01

Obrigada gente! o/
Vou continuar
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Mensagem por Amanda Muniz Sáb 06 Nov 2010, 10:03

- Calma, deixa eu terminar! Daí depois que ele chegou em casa, ele começou a ver a menina que estava na foto! Tem noção disso?

- Como assim, começou a ver?
-Ah Nena... Não entendeu ainda? O suposto mascote... É um fantasma!
Fiquei em silêncio por alguns segundos. Que idiotice, pensei.
- Aham, vou fingir que acredito.
- Mas é verdade, o menino acabou ficando meio maluco e tal.
- Ok Lu, agora tu vai acreditar no que saiu da boca de um maluco? Anda assistindo muitos filmes de terror. Tenho que desligar, depois a gente se fala.
- Mas...
Desliguei o telefone rindo. Fui até a cozinha preparar um sanduíche.
- Fantasmas...
Falei em tom irônico e sorri. Já com meu lanche pronto voltei para o computador, dei uma última olhada no e-mail e o apaguei. Dei uma última checada na caixa de entrada e depois fui até a janela. Como sempre os vidros estavam embaçados e a chuva caía no lado de fora.
- Que saco...
Resmunguei fechando as cortinas.

Liguei a TV e não estava achando nada interessante, eu poderia sair de novo e ir até a locadora. Não... Não gostaria nada de encarar a chuva e o frio de novo.
Como a típica pessoa que não tem nada para fazer, voltei para o computador e fui direto ao Google, quando uma janela apareceu na tela.
‘’ COMPRE UM MASCOTE!!!
Sim___________________Não ‘’
- Droga!
Cliquei em “não” e a janela abriu novamente, cliquei em “não” novamente e reiniciei o computador.
- Maldito vírus.
Falei enquanto reiniciava.
Com o computador ligado novamente, naveguei na internet por alguns minutos.
‘’COMPRE UM MASCOTE!!!
Sim__________________Não’’
Estava pronta para clicar em “não” novamente e pensei por alguns segundos.
- Por que as pessoas tem que ser tão curiosas?
Perguntei a mim mesma, clicando em “sim”.

Nada mais apareceu na tela, fui checar meus e-mails novamente. Havia um novo na caixa de entrada titulado como “Endereço”. Cliquei...
‘’ Olá Helena, você aceitou ‘comprar’ um mascote.
Parabéns!
Nosso endereço é este: Estação férrea, bairro São Pelegrino. Nos encontre nos trilhos e iremos ao lugar onde receberá seu mascote.
Será esta sexta-feira, esteja lá 23:50h.
Como pagamento deverá levar o pertence pessoal de sua escolha.
Atenciosamente, Mensageiros. ‘’
Fiquei estática por um tempo. Como eles sabiam meu nome? E... Mensageiros? Mensageiros de que?
Pensei em apagar o e-mail.
- Quem sabe se eu anotar o endereço...
Sussurrei para o nada. Corri até meu quarto e peguei minha agenda para anotar o endereço e a data. Depois apaguei a mensagem.

Disquei o número de Luiza de novo e esperei que ela atendesse.
- Fala Nena!
- Hum, então... Quer ir comigo na estação férrea sexta-feira?
- Quer dizer que também aceitou comprar um mascote?
Ela perguntou com um tom histérico na voz. Eu sorri.
- Bom, sim... Apesar de não saber muito bem do que se trata.
- Legal, eu também aceitei! Que tal eu ir dormir na sua casa sexta? Tu mora mais perto da estação, de qualquer forma. Podemos sair daí onze e meia e chegamos lá antes do horário que diz para estarmos lá.
- Okay, pode ser! Então depois de amanhã vem aqui pra casa e vamos juntas lá.
-Ta perdida no tempo sua louca?
Ela perguntou antes de rir.
- Hãm?
- Hoje é quinta-feira, não quarta.
- Ah! Viajei agora!
Eu disse rindo.
- Okay, então assim... Amanhã eu chego aí por volta das nove. Pode ser?
- Certo! Te espero Lu. Beijo. Até amanhã!
- Té!
Desliguei o telefone.

Ouvi as chaves abrindo a porta da sala.
- Oi filha!
- Tudo bem, mãe?
- Sim, pena que a chuva não parou um minuto.
- É por isso que eu odeio essa cidade.
Resmunguei.

- Olha o que a mãe trouxe!
Disse minha mãe mostrando um pacote de RUFLES sabor churrasco.
- Ah mãe, tu quer me deixar obesa?
Brinquei. Ela riu e foi para a cozinha. Alguns minutos passaram enquanto eu conferia minhas páginas virtuais e ouvia música.
- Mãe... Posso sair amanhã?
Ela apareceu na porta.
- Para onde?
- Hum... Vai ter... Uma festa, nos trilhos.
- Nos trilhos?
- É, na estação férrea, ali onde fica o Vagão.
Vagão é um bar rocker, um dos mais famosos de Caxias.
- Ah ta. Vai ir com a lu?

Como Luiza era minha melhor amiga minha mãe já tinha se acostumado com o fato de eu estar para cima e para baixo com ela.
- Sim, ela vai dormir aqui depois... Pode ser?
- Ta bom. A mãe dela já sabe?
Também me perguntei isso.
- Ham... Sim!
- Ótimo!
Ela disse voltando á cozinha. Eu odiava mentir para minha mãe, mas... Tecnicamente eu não estava mentindo, eu estava omitindo.
E, bom... Eu é que não ia contar para ela que estava indo buscar um mascote e que ele já tinha um atestado de óbito, há há... Coisa de gente louca.

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Mensagem por MR.5534 Sáb 06 Nov 2010, 10:04

pago 20 mil por um fantasma Very Happy
aceita cartão?
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Mensagem por Amanda Muniz Sáb 06 Nov 2010, 10:05

Já passava da meia noite quando decidi tomar um banho e dormir. Nunca dormia mais cedo que isso e nunca acordava antes das onze da manhã... Essa é uma das vantagens de estudar de noite, – estudo de noite porque consegui a façanha de rodar três anos, e ficaria meio estranho uma menina de 17 anos cursando a oitava série junto com os alunos de 14 no turno da manhã – os colegas tem a sua idade, ou mais, são apenas quatro períodos, etc. Luiza era minha colega, por falar nisso foi assim que nos conhecemos no começo do ano, e já estávamos no final.

Assim que saí do banho desembaracei meus cabelos e pensei por um minuto se eu ficaria bem com um corte de cabelo um pouco mais curto – nunca troquei o corte de meus cabelos, que são castanhos e levemente ondulados - , escovei os dentes e vesti uma regata para dormir.
Já deitada, aproveitei o completo silêncio para pensar... E se tudo fosse uma armação? E se fosse apenas um chamariz para jovens desavisados? E se fossem traficantes de órgãos???
Tudo bem, exagerei. Meus olhos já não me obedeciam e insistiam em fechar. Sendo assim, adormeci.
Acordei uma vez de madrugada para beber água e voltei a dormir.
Tive alguns sonhos sem nexo, como sempre.
Sonhei que estava caindo, e caindo, e caindo de uma altura sem igual e quando estava prestes a chegar no chão acordei como se tivesse caído direto na cama... Isto sempre acontece comigo.
Muitas pessoas acreditam que isto acontece quando o espírito desprende-se do corpo e viaja pelas dimensões, e depois, volta para o corpo. Admito que acho essa teoria bastante válida.
Peguei o celular para ver a hora. Bocejei... Já eram 11:48.
Levantei tropeçando e bocejando e abri a janela com esperança de ver sol... Me desiludi e fechei a janela de novo.
- Acho que posso dormir só mais um pouquinho.
Disse enquanto deitava na cama e me cobria novamente, meio minuto depois havia adormecido.

Acordei assustada com o interfone chamando. Levantei e corri para atender.
- Oi?
- Nena, joga a chave! É a Lu!
- Espera.
Fui até a porta a cozinha pegar as chaves, abri a janela e joguei. Eu tinha hábito de jogar as chaves quando não tinha vontade de descer para abrir.
Dois minutos depois Luiza estava no apartamento.
- Nena!
- Oi Lu, to aqui no quarto.
Ela chegou e parou na porta.
- Tava dormindo?
- Sim... Que horas são?
- Quase seis horas...
- Sério?!?!
- Sim dorminhoca.
Nós rimos.
- Ta bom, Lu, se quiser pode ligar o computador, vou tomar um banho.
Eu disse pegando minha toalha. Luiza foi para o computador e eu entrei no banho.

Mais ou menos meia hora depois saí do banho. Luiza ainda estava no computador.
- Nossa... Demorou ein?!?!?
Ela sempre dizia a mesma coisa.
- Já to indo aí.
Eu disse entrando em meu quarto para me vestir. Escolhi a calça jeans mais básica, meias de dedinho - Qualé? Caxias é fria pra caramba! - e botas de cano longo, na parte de cima coloquei uma básica e uma jaqueta com gola de pelinhos.
Fui para a sala, sentei no sofá e liguei a TV.
- Que horas são?
Perguntei para Luiza.
- Sete horas já.
- Tá muito frio na rua?
Perguntei.
- Além de frio eu vi no jornal que vai ter cerração de noite.
- Droga...
Resmunguei. Parece estranho, mas nos últimos meses os únicos assuntos eram o clima e os suicídios que apareciam no jornal... Divertido, não é?
Depois, pensei em outra coisa...
- Lu... Sabe... Se não quiser ir lá hoje a gente não precisa ir. Podemos ficar aqui assistindo TV e comendo pipoca! Que tal?
Ela me olhou com os olhos cerrados.
- Tu tá com medo, é isso?
- Que? Eu... Com medo! Até parece!
Respondi presunçosa.
- Aham... Sei.
Ela respondeu.
- Ah, ok! Eu tô com medo. Quer dizer, noite fria, cerração e fantasmas não me parece uma mistura agradável...
- Ah Nena! Tu mesma disse que não acredita que os mascotes sejam fantasmas... Fica fria meu bem!
Ela disse me acalmando um pouco.

Na esperança do tempo passar mais rápido eu estendi minha cama, Luiza e eu fizemos um lanche, fomos assistir TV e quando paramos no canal de notícias locais...
MENINA DE 16 ANOS ENCONTRADA MORTA POR OVERDOSE!!!
Era o que estava escrito na parte de baixo da tela enquanto a jornalista falava:
- Gabriele Carniel, de 16 anos foi encontrada pela mãe esta tarde, ela estava trancada no quarto e tomou grande dose de anti-depressivos. Gabriele era uma menina saudável e não parecia ter motivos para cometer suicídio. A onda de suicídio adolescente está assustando a população caxiense. Mais notícias depois dos comerciais.
Desliguei a TV. Luiza me olhou assustada.
- Oh meu Deus, todos nós vamos morrer!!!
Ela gritou fazendo piada.
- Bom, se eu ficar por muito mais tempo nessa cidade pode ter certeza que também irei me matar.
- Ah Nena... Qual o problema daqui?
Olhei para a janela e ela seguiu meu olhar.
- Fora o clima deprimente e as pessoas cretinas???
Perguntei. Ela gargalhou.
- Calma amiga! Assim que a gente completar 18 anos nós vamos embora daqui!!!
Ela disse se jogando no sofá. Peguei meu celular e vi a hora.
- Lu! São quase onze e meia!
Falei indo até o quarto para pegar minha bolsa.
- Ah droga!
Ela gritou. Nós duas já estava-mos na cozinha, peguei uma caderneta e escrevi um bilhete para minha mãe.
" Mãe, saí com a Lu, não vamos voltar muito tarde. Qualquer coisa liga. Te amo! "

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Mensagem por Amanda Muniz Sáb 06 Nov 2010, 10:06

'pago 20 mil por um fantasma
aceita cartão?'

hahahah
só visa rsrsrs
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Mensagem por MR.5534 Sáb 06 Nov 2010, 10:14

Razz
pena q n tenho cartão XD
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Mensagem por Master_Mackenzie Sáb 06 Nov 2010, 10:15

mt boa^^
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Mensagem por Amanda Muniz Sáb 06 Nov 2010, 10:18

- Tua mãe saiu com o namorado?
- Sim, mas acho que volta antes de nós.
Respondi.
Descemos as escadas correndo e eu abri o portão do prédio. Estava frio e a cerração estava baixa.
- Droga...
- Que foi?
Perguntou Luiza.
- Esse clima chato, qualquer bandido pode nos matar e ninguém vai enxergar por causa dessa cerração.
Falei.

- Deixa de ser exagerada. É só a gente caminhar rápido.
Luiza respondeu enganchando o braço no meu.
Caminhamos bastante rápido, estávamos quase atrasadas já que a estação férrea ficava aproximadamente sete quadras da minha casa.
Não havia ninguém na rua, o que era estranho.
- Estranho, sexta-feira de noite e não tem ninguém na rua.
Falei.
- Ah, com esse frio o pessoal deve estar afim de ficar em casa.
- É? E por que nós não ficamos em casa?
Perguntei.
- Ah, deixa de ser reclamona, a gente já está chegando. Vai ser legal!
Disse Luiza.
Já podíamos enxergar a velha estação. Por mais longe que fosse e por mais rápido que tivéssemos caminhado eu não podia sentir nem um pouco de calor.
Chegando lá peguei meu celular e vi que faltavam quinze minutos para a meia noite.
- É... Acho que não estou mais tão confiante.
Falou Luiza.
- É... Mas agora que viemos até aqui não vamos voltar de mãos abanando!
Falei antes que ela sugerisse que fossemos embora.
Ficamos por uns segundos ali, paradas sobre os trilhos, ninguém estava ali ainda.
- Hey!!!
Gritou uma menina baixinha gótica. Ela veio correndo até nós.
- Oi!!!
Ela disse sorrindo. Ela tinha olheiras tremendamente marcadas, os lábios sem cor, e parecia que ela havia chorado por horas.
- Ham... Oi?
Eu disse. Luiza ficou olhando para ela com um sorriso montado.
- Vocês vieram por causa dos mascotes não é?
- Sim!
Disse Luiza.
- Então, tu sabe o que são? São gatinhos? Cachorrinhos???
Ela ficou séria e olhou para Luiza.
- Bom... Não exatamente...

- O que são então?
Perguntei.
- Vocês vão ver... Logo verão.
Ela sorriu novamente antes de olhar por cima de nossos ombros. Olhamos para trás e vimos mais duas meninas e três meninos chegando. Uma das garotas parecia realmente assustada.
A garotinha gótica já estava correndo até eles.
- Olá! Vieram pelos mascotes?
Ouvimos ela perguntar para eles. Um dos garotos assentiu e ela trouxe eles até nós.
- Tudo bem... Vocês podem me acompanhar. Já estão todos aqui não é?
Nós sete olhamos em volta.
- Bom, acho que ninguém mais vai vir...
Disse um dos garotos, que olhando de novo era bem atraente. Alto o suficiente para parecer maior de idade, cabelos castanhos espetadinhos e olhos verdes. O outro era um garoto normal, magrelo e com cara de bocó, devia ter uns 17 anos.
- Tudo bem... Vamos então!
Ela disse sorrindo, e começou a andar em direção ao 'prédio da estação férrea', que na verdade é um enorme sobrado amarelo de dois andares, no topo do segundo andar há algo como um arco com a sigla F.R.G.S escrita. Apenas na parte da frente tem umas 10 janelas e três portas. A garota foi em direção a porta do meio e nós a seguimos. Ela parou na porta e gesticulou para que entrássemos antes dela.
Nós entramos.
- Espero que escolham um bom mascote!
Ela disse. Quando olhamos para trás ela havia desaparecido e a porta estava fechada.

- Que fim levou a guria que tava com a gente?
Perguntei.
- Ô! Menina gótica, onde tu se meteu?
Gritou o menino com cara de bocó.
- Cala a boca.
Sussurrou uma das meninas que estava com eles. O lugar estava silencioso e a iluminação baixa. Tenho certeza de que se tivesse um pouco menos iluminado eu sairia correndo.
- Vocês parecem ótimos...
Disse uma mulher de voz rouca. Olhamos para a frente e lá estava uma mulher de aproximadamente 50 anos, ela vestia um sobretudo preto que parecia ter sido tirado de um baú velho, e seus cabelos pretos estavam presos em um coque antigo. Sua pele era pálida, ela tinha cara de fumante.
- Aproximen-se, eu não mordo.
Ela disse. Nos aproximamos dela, ela começou a caminhas pelo corredor.
- Venham.
Nós fomos atrás dela. Ela caminhava igual uma velha frígida, seu sobretudo ia até seus tornozelos, não deixando nenhuma parte do corpo á mostra.
- Ham, meio difícil imaginar que alguém assim saiba mandar um e-mail.
Falou o garoto que achei bonito. Nós rimos baixo. A mulher pareceu não ouvir. Dobramos a direita e andamos por mais um corredor, havia uma porta aberta no fim dele, e lá dentro pudemos enxergar velas acesas em cima de uma antiga mesa de madeira escura.

- Entrem aqui.
Disse a mulher nada simpática. Assim que entramos eu virei rapidamente para ver se ela também sumiria, mas ela ainda estava lá, olhando séria.
- Pode ir agora.
Disse um homem simpático, mas não bonito, aparentava ter uns 30 anos.
- Olá. Sejam bem vindos. Sou o mensageiro.
- Oi.
Todos respondemos.
- Mas... Qual o teu nome?
Perguntou uma das outras meninas. Ele ficou sério e a olhou.
- O meu nome não importa... Eu disse que sou o mensageiro, não disse?
A menina pareceu confusa.
- Mas...
- Enfim! Que tal irmos logo ao assunto?
- Onde estão os mascotes?
Perguntei olhando em volta sem ver nenhuma caixa com gatinhos ou cachorros.
- Ah sim!
Ele foi até um armário com várias gavetas, abriu uma delas e tirou uma pasta de dentro dela. Colocou ela sob a mesa e abriu.
- Aqui estão...
Ele disse tirando papéis que pareciam com fixas escolares de dentro da pasta.
- O que é isso?
Perguntou o garoto bonito.
- Como assim? São os mascotes! Venham, venham. Cheguem mais perto para escolher seus mascotes!
O 'mensageiro' respondeu com uma certa histeria.
Nos aproximamos e fiquei um pouco confusa no início. Ainda não havia conseguido ler o que estava escrito nas folhas, mas em cada uma delas estava fixada a foto 3x4 de uma pessoa.

Chegando mais perto pude ler a palavra em negrito na parte superior de cada folha...
ÓBITO
- Mas que porcaria é essa?!?!
Disse uma das garotas assustada. O 'mensageiro' pareceu confuso com a pergunta.
- Ham... Como assim, não vê o título? São atestados de óbito.
Ele disse antes de dar uma risadinha um pouco sinistra, com os olhos - que apenas nesse momento percebi que não piscavam - fixos nela.
Neste momento percebi que ele não era simpático, ele parecia na verdade meio demente. Todos ficamos boquiabertos por um segundo. Mas a surpresa não durou muito tempo.

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Mensagem por Master_Mackenzie Sáb 06 Nov 2010, 10:18

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Mensagem por Amanda Muniz Sáb 06 Nov 2010, 10:23

- Legal!
Disseram os dois garotos que correram até a mesa.
- Meu Deus, isso é tão... Legal!
Disse uma das garotas indo até a mesa, as outras foram logo atrás dela. Eu e Luiza nos olhamos e olhamos para o 'mensageiro'.
- O que estão esperando? Venham!
Ele disse. Eu e Luiza sorrimos.
- Vem Lu!
Eu disse puxando ela pela mão. O 'mensageiro' nos observava sorrindo. Aquela sensação de choque, surpresa, uma pitada de medo e euforia era ótima. Há meses não acontecia nada interessante na cidade.
Chegando até a mesa tínhamos inúmeras opções. Meninas, meninos, adultos, crianças, adolescentes... As opções eram tantas.

Parei os olhos em uma das folhas... Era o atestado de óbito de uma mulher de 24 anos, o nome dela era Franchesca Cavion. Ela tinha o rosto fino e os cabelos pretos e escorridos com um corte chanel. Motivo da morte: Explosão em restaurante na década de 30.
- Ham... Mensageiro?
- Sim?
Ele disse muito próximo de meu ouvido, dei um gritinho estúpido pelo susto que levei. Como ele chegou tão rápido sem que eu percebesse?
- Como chegou tão rápido?
Perguntei.
- A sua pergunta querida... Não era essa.
Ele disse.
- Os mascotes continuam com a aparência com que ficaram quando morreram?
Ele ainda sorrindo desviou os olhos por um segundo e voltou a me olhar.
- Não... Eles ficam com a aparência que tinham em vida.
Ele respondeu.
- Então quer dizer que não vou ter uma mascote com a cara queimada não é?
- Não... Haha! De jeito nenhum... Não, não!
Eu sorri.
- Já escolhi a minha.
Eu disse. O mensageiro sorriu.
- Boa menina, boa menina! Tem certeza que é ela?
- Sim, ham... Gostei dela.
Eu disse entrando na brincadeira.
- Ele pegou o óbito de minhas mãos e olhou a foto.
- Franchesca... Aaah, ela vai gostar de ti! Ha ha!

Ele entregou o atestado para mim.
- É sua...
- Obrigada.
Eu disse dobrando o papel e guardando na bolsa.
- Ah, e quanto ao pagamento... Trouxe?
Ele disse esfregando as mãos.
- Ah sim!
Quase esqueci do objeto que tinha de levar. Vasculhei a bolsa e o achei, eu havia levado um chaveiro de ursinho que eu adorava quando era mais nova.
- Ele pegou o chaveiro das minhas mãos e o observou.
- Ótimo, está ótimo.
Pode ir querida.
- Vou esperar minha amiga.
Eu disse.
- Não, não. Ela te encontra lá fora tudo bem?
Luiza me olhou.
- Me espera na porta? Se não eu deixo para escolher depois.
- Não, eu te espero ali fora.
- Tá bom...
- Vem logo.
Eu disse.
- Foi um prazer Helena. Nos vemos em breve!
Disse o mensageiro. Eu saí da sala de vagar e vendo que estava fora de vista atravessei o corredor correndo.
- Até logo.
Disse a mulher com cara de frígida de antes parada bem na minha frente. Parei quase em cima dela.
- Ah, até... Até logo.
Eu disse enquanto ela me encarava. Ela abriu a porta para mim e eu saí.

No lado de fora olhei em volta e não havia ninguém. Sentei nas escadas para esperar.
Esfreguei as mãos para aquece-las.
- Escolheu um legal?
Pulei de susto, estava vulnerável a sustos aquele dia.
- Ein?
Olhei para o lado e lá estava a menina gótica que vimos quando chegamos lá.
- Ah, sim. Escolhi uma moça, Franchesca.
- Sei...
Ela sentou no meu lado e suspirou. Ela olhou para o Vagão, um bar que dá para enxergar de onde nós estávamos.
- Eu costumava ir ali.
Ela disse apontando. Olhei para onde ela apontou.
- E por que não vai mais?
- Eu... Não sei.
Eu a olhei.
- Como assim? Deve ter um motivo... Sua mãe te deixou de castigo? Você fez besteira ali e não pode mais entrar?
Perguntei. Ela sorriu apesar de ter o olhar triste.
- Eu não tenho certeza... Mas sabe quando tu sente que não pode mais fazer o que fazia antes?
Eu tentei me imaginar assim.
- Na verdade não. Bom, mas qual seu nome?
- Gabriele.
Ela respondeu. Ouvi a porta atrás de mim abrir e me virei para ver quem era. Era o carinha bonito.
- Com quem está conversando?
Ele perguntou.
- Estou conversando com a Gabriele...
Eu disse virando para ela e não a vi mais.

- Quem é Gabriele?
Ele perguntou.
- A menininha gótica. Aquela de antes.
Ele olhou em volta.
- Bom, parece que ela gosta de sair sem avisar.
Ele disse sorrindo, eu sorri.
- Posse sentar?
- Claro!
Eu disse colocando minha bolsa no colo para que ele pudesse sentar.
- Ah, eu sou Tiago.
Ele disse estendendo a mão para apertar a minha, apertei a mão dele.
- Eu sou Helena.
- Ah sim, eu ouvi o "mensageiro" - ele disse fazendo sinal de aspas - te chamar pelo nome antes.
- Tu mora aqui por perto?
Ele perguntou.
- Sim, moro aqui em São Pelegrino mesmo. E você?
- Moro aqui perto também.
Ficamos por um tempo sem assunto. Até ele falar.
- Ham... Tu acredita nesse negócio de mascotes?
Ele perguntou rindo.
- Não tenho certeza.
Respondi rindo.
- Ouvi dizer que um cara ficou meio louco.
- Ah, minha amiga contou algo parecido ontem.

- Ele começou a ver a menina da foto que ele escolheu, é o que dizem.
Disse o menino.
- Na verdade acho que não acredito nessas coisas.
Ele deu de ombros.
- Ah, quer saber? Eu também não... Afinal, de que adianta a gente se preocupar com isso agora que a gente já fez a besteira?
Eu ri.
- Hey, tem MSN?
Perguntei. Até parece que eu ia deixar aquele gato escapar.
- Tenho sim, me passa o seu e eu te adiciono.
Ele disse, peguei uma caneta na minha bolsa.
- Tem algo em que eu possa escrever?
Perguntei. Ele procurou na mochila dele.
- Não tenho nada aqui... Escreve na minha mão.
Ele disse estendendo a mão dele, escrevi.
- Pronto, me adiciona.
- Pode deixar, daí tu me conta se teu mascote é de verdade ou não.
- Ou não.
Nós rimos. Luiza abriu a porta.
- Já?
Perguntei.
- Já!
Ela disse.
- Ham... Tiago, a gente tem que ir. Depois nos falamos?
- Claro.
Ele disse levantando e me dando um beijinho no rosto.
- Até mais.
Eu disse. Luiza enganchou o braço no meu de novo e começamos a caminhar.

- Amiga, tu é rápida ein?
Acusou Luiza.
- Que? Não sei do que tá falando.
Falei me fazendo de boba.
- Como não sabe? Aquele gatinho dando bola pra ti e tu dando bola pra ele.
- Ai Lu, a gente só tava conversando.
Ela gargalhou.
- Aham, sei... Com direito a beijinho e tudo.
Eu sorri.
- Mas mudando de assunto, depois tu vai ver o ga-tão que é meu mascote.
- Qual o nome dele?
- Marcelo. Ele era um policial.
- Você só escolheu ele porque achou bonito?
Perguntei.
- Claro!
- Como ele morreu?
- Confronto com bandidos... Como o que você escolheu morreu?
- Uma explosão nos anos 30.
Respondi.
- É bonito pelo menos?
Ela perguntou.
- Eu escolhi uma moça na verdade.
- Ai Nena, por que não escolheu um gatão?
- Porque eu não pretendo namorar um fantasma.

Nós rimos.
- Mas agora falando sério mesmo... Tu acredita mesmo nisso?
Perguntei, eu estava com tanto medo de acreditar que sempre esperava ouvir que aquilo era besteira.
- Talvez... Pode ser uma besteira e riremos disso no futuro, mas também pode ser verdade. Não acredito nem desacredito.
Ela disse.
- Hum... Acho que aquela menina sabe de alguma coisa que nós não sabemos.
- Que menina?
- A gótica baixinha.
- Arg... Menina esquisita.
Disse Luiza.
- Sei lá, ela parece legal... Conversei um pouco com ela enquanto te esperava. Mas ela parece meio confusa, sei lá.
- Qual o nome dela?
- Gabriele.
Luiza parou.
- O que foi Lu?
- Gabriele é o nome da menina que apareceu hoje na TV, lembra?
- Que menina Lu?
- A que se matou...
- Cara... Por favor, tu acha que só existe uma Gabriele no mundo?
Perguntei, Luiza sorriu.
- O que tu quer que eu faça? Estou contagiada por esse lance de fantasmas agora.

Nós rimos.
- Deixa de ser boba. Na verdade nós nem sabemos se essas pessoas estão mortas, nem sabemos se realmente existem.
- Como assim?
- Pensa bem Lu, aquele cara estranho dos trilhos pode ser um desocupado que fica inventando nomes e mortes...
- Tá, mas por que ele iria estar distribuindo essas coisas desse jeito?
- Sei lá... Falta do que fazer?
Deduzi.
- É... Pode ser.
Enquanto caminhávamos para casa uns dois carros passaram buzinando para nós. Sempre tem um idiota.
Andamos tão rápido que logo já estávamos chegando no meu prédio. Peguei as chaves no meu bolso para abrir o portão.

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Mensagem por Master_Mackenzie Sáb 06 Nov 2010, 10:23

legaal '-'
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Mensagem por Amanda Muniz Sáb 06 Nov 2010, 10:28

- Ai, aqui tá bem mais quentinho.
Disse Luiza quando entramos no prédio. Subimos as escadas correndo.
- Oi mãe!
Eu gritei abrindo a porta do apartamento.
- Chegaram cedo Filha!
- Oi tia!
Gritou Luiza. Minha mãe não era tia dela, mas ela insistia em chamar minha mãe assim.
- Oi Lu! Como tava a festa?
Luiza me olhou confusa.
- Só confirma o que eu disser.
Sussurrei.
- Ok.

- A festa tava chata mãe, o Vagão não é mais tão legal assim.
Minha mãe chegou na cozinha.
- É, sei como é isso, na minha época as festas eram ótimas, agora tá tudo muito banalizado...
Ficamos ali na cozinha por uma meia hora ouvindo as histórias de festas da minha mãe, até que era divertido.
- E como foi a janta hoje mãe?
- Boa, a gente comeu pizza e tomamos uma cerveja.
- Hm, legal... Mãe, a gente vai pro quarto, qualquer coisa chama.
Eu disse passando por ela e dando um beijo no rosto.
- Ta bom, não façam bagunça!
- Tá legal.
Chegamos no meu quarto e eu tranquei a porta. Eu e Luiza nos olhamos.
- Ok, deixa eu ver o seu.
Eu disse sentando na cama. Ela entregou o óbito do mascote dela e eu o da minha.
- Nossa Lu... Escolheu bem.
Ela riu.
- Ele é bonito né?
- Aham, cara de galã de cinema.
Olhei a data da suposta morte.
- Hm, ele morreu em 95?
- Aham! Ele é lindo né?
- É Lu.
Ela não cansava de repetir o quanto o mascote dela era bonito.
- A sua não é de se jogar fora... Mas tem cara de antipática.

Disse Luiza olhando a foto da minha mascote. Uma rajada de vento entrou pela janela derrubando um porta-retrato fazendo um barulho forte no chão.
- Opa, acho que vou fechar a janela.
Falei, levantando da cama. Depois de fechar a janela juntei o porta-retrato do chão. Era uma foto minha e de Luiza, coloquei ela de volta no lugar.
- E vê se não fala assim da minha mascote, ela deve ser mega legal.
Eu disse sentando novamente e pegando a foto dela.
- Bom... Agora é esperar para ver.
Disse Luiza.
- Mas que seria uma beleza se eles aparecessem seria. Pensa bem, passar o dia com esse policial gostosão aqui.
- Ok, agora tu tá me assustando Lu.
Nós rimos.
- Posso ligar a TV?
- Sim, liga aí Lu.
Ela ligou a TV e colocou na MTV. Ficamos algum tempo assistindo, hora ou outra uma de nós olhava a foto dos nossos mascotes e voltava a assistir.
- Cara... Que sinistro aquele mensageiro né?
Falei do nada.
- Pior... Ele me deu medo. Parecia algum personagem louco de filmes de terror.
- Parecia ter fugido de um hospício.
Falei.
- Por que será que ele tem esse monte de óbitos?
Perguntou Luiza.
- Sei lá... Deve trabalhar em uma funerária ou algo assim.

Luiza bocejou.
- Acho que vou dormir.
- Também vou dormir daqui a pouco.
Eu disse.
- Posso escovar os dentes?
- Pode, tem creme dental no banheiro.
Luiza foi escovar os dentes e continuei vendo TV, a imagem começou a ficar ruim então levantei e fui ver se era algum fio desconectado do cabo.
- O que tá fazendo?
Perguntou Luiza na porta do quarto.
- A TV tá com a imagem ruim.
- Não tá não...
Ela disse. Olhei e a imagem estava perfeita de novo.
- É, agora melhorou.
Deixei Luiza terminando de colocar o pijama e fui escovar os dentes. Como sempre usei a pasta de clareamento e depois uma normal. Desembaracei os cabelos, tirei a maquiagem e quando voltei para o quarto Luiza já estava dormindo.
A TV tinha voltado a ficar ruim.
- Droga...
Resmunguei. Fui até a TV e dei uns tapas nela. Sei que parece coisa de caipira, mas não tinha mais o que fazer. Deitei ao lado de Luiza, já que minha cama era de casal e fiquei por mais uns 45 minutos assistindo. A TV começou a falhar de novo. começou a fazer uns chiados estranhos, um deles pareceu com um grito, quando uma mão pareceu ter batido na tela de dentro para fora. Dei um gritinho e Luiza acordou.
- O que foi Nena?
- A TV...
Ela olhou.
- A TV tá normal Nena.
Quando olhei para a tela a imagem estava boa de novo. Desliguei a TV e puxei as cobertas até a cabeça.

Droga... Tive que admitir que estava morrendo de medo. Tremi como vara verde até dormir.
Acordei, apesar de não ter sol percebi que era dia. Bocejei.
- Que horas são?
Perguntei sem vontade de me mexer.
- Dez e meia da manhã dorminhoca.
Aquela não parecia a voz de Luiza, ela deveria estar com mais voz de zumbi do que eu. Virei para o lado e não tinha ninguém ao meu lado. Olhei em volta, não tinha ninguém no meu quarto.
Levantei da cama, as coisas de Luiza não estavam lá.
- Mãe! Cadê a Lu?
Perguntei correndo para a cozinha.
- Bom dia filha. A Lu já foi, a mãe dela veio buscar ela.
- Era tu que tava no meu quarto?
- Quando?
Olhei para o relógio da cozinha e eram 10:32h.
- Bom, agora, tipo... Dois minutos atrás?
- Hm, não, faz meia hora que fui no teu quarto e tu tava dormindo como uma pedra.
Respondeu minha mãe.
- Tem alguém em casa além de nós?
- Não filha, só nós duas. Teu irmão viajou, lembra?
- Ah sim... Quer ajuda em alguma coisa?
- Não antes de tu lavar o rosto e escovar os dentes.
Ela disse. Eu dei um sorriso forçado. Fui até o banheiro escovei os dentes e lavei o rosto rapidamente. Fui até meu quarto correndo só para pegar um casaco e saí.
O vesti por cima do pijama mesmo.

Minha mãe me olhou.
- Não vai colocar uma roupa?
- Ah, é sábado... Dia de ficar de pijama.
Fiquei na cozinha enrolando até minha mãe ir no meu quarto.
- Filha, vou guardar umas roupas limpas no teu quarto.
- Ok.
Eu fui logo atrás dela.
- Por que tá grudada em mim que nem sombra?
- Eu? Não estou grudada em ti, só vim pegar minha toalha de banho e umas roupas.
- Não ia ficar de pijama?
- Ia... Mas vai que me de vontade de sair né?
Ela deu de ombros e abriu a porta do meu guarda roupa.
Antes que ela saísse de meu quarto corri para o chuveiro. Lavei os cabelos com meu shampoo preferido de ervas doces, o chuveiro estava com água bem quente, então, quando saí do box o banheiro parecia uma sauna.
Enrolei uma toalha no cabelo e outra no corpo.
Olhei para o espelho e estava embaçado, me virei para pegar uma toalhinha para limpar o espelho e quando olhei de novo me assustei.
Havia a marca de uma mão que atravessava o espelho de lado a lado formando um arco.
- Ah meu Deus.. Ah meu deus, ah meu deus, ah meu deus. Isso não pode estar acontecendo.
Limpei o espelho rapidamente, abri a porta do banheiro e terminei de me secar com a porta aberta. Vesti meu abrigo com pelúcia por dentro minhas meias e calcei minhas pantufas. Corri para a cozinha de novo.
Minha mãe me olhou e pareceu surpresa.
- Nossa Nena, o que tu tem? Parece que viu um fantasma!
- Parece?
Resmunguei sentando.
- O que?
Ela perguntou.
- Nada.

Fui para a sala e liguei a TV, deitei no sofá e fiquei passando os canais.
A imagem começou a ficar ruim de novo.
- Ai não...
Me aproximei da tela e quando estava chegando bem perto...
HELENA!
Tive certeza de ter ouvido meu nome entre os chiados. Fui para trás e tropecei na mesa de centro, caindo sentada.
- Olá Helena!
Olhei para o sofá e havia uma mulher sentada nele, com as pernas cruzadas e as mãos cruzadas sobre o joelho. Usava uma saia preta que ia até as canelas, sapatos de salto, e um casaco acinturado cor creme.
Seus traços finos e seu cabelo chanel liso não me enganavam. Era Franchesca.
- Manheee!!!
Corri em direção á cozinha. Minha mãe apareceu na porta.
- O que aconteceu?
Olhei para trás e não vi ninguém em nenhum dos sofás.
- N-nada...
- Quer água? Parece que vai ter um ataque cardíaco.
Eu tentei dar uma risada, mas saiu algo mais parecido com algum grunhido.
- Não...
- Bom, o almoço tá pronto. Vem te servir.
Dei graças a Deus por isso, não precisaria ficar sozinha em nenhum cômodo do apartamento.
Talvez eu estivesse só delirando, podia ser só coisa da minha cabeça e...
Tive a nítida impressão de ver Franchesca atravessar o corredor em direção de meu quarto.
É... Não era coisa da minha cabeça.

Depois de almoçar lavei meu prato e o da minha mãe, o que ela achou estranho, era raro eu fazer isso, enrolei o máximo que pude, mas eu não poderia ficar colada na minha mãe pelo resto do dia.
- Nena, vai arrumar teu quarto pra não deixar pra depois.
- Mãe, eu posso deixar pra depois...
- Não, o teu depois sempre acaba virando nunca.
Já na porta do quarto parei por alguns segundos, coloquei a cabeça para dentro para ver se não tinha ninguém.
O quarto estava sem ninguém. Suspirei e entrei.
Comecei tirando as cobertas da cama e as colocando no chão para arrumar os lençóis, depois, como de costume coloquei coberta por coberta. E eram sempre no mínimo três caso contrário eu morreria de frio.
Com a cama já estendida suspirei de alívio por não ter visto nem ouvido nada de mais.
- Ah, tudo bem Helena, era tudo da sua cabeça.
Eu disse para mim mesma. Senti um arrepio na espinha.
- Não era, não!
Olhei para trás e ela estava ali, parada, sua expressão agora estava menos amigável do que quando a encontrei na sala.

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Mensagem por Master_Mackenzie Sáb 06 Nov 2010, 10:28

bem legalzinha '-'
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Mensagem por MR.5534 Sáb 06 Nov 2010, 10:33

continua *-*
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Mensagem por Amanda Muniz Sáb 06 Nov 2010, 10:36

- Por que fugiu de mim?
- O... O que? Eu não fugi de ti, eu só...
- Você não gostou de mim? Foi isso? Não sou boa o suficiente? Ou talvez eu pareça antipática! - O tom de voz dela ia aumentando, e cada grau que aumentava sua pele parecia se deformar um pouco, como queimaduras.-
Ela disse jogando no chão o mesmo porta retrato que caiu noite passada. Eu a olhei pasma.
- Sim, era eu ontem a noite. E desculpe... Fui mal educada não fui?
- Um pouco.
Respondi.
- Eu sou Franchesca Cavion. Já sei seu nome. Desculpe se lhe assustei.
Ela disse com o rosto voltando ao normal. Uma fantasma bipolar. Pensei.
- Não, tudo bem.
- Não te assustei?
- Assustou, mas só um pouquinho.
- Vou tentar não fazer isso de novo, afinal vou ficar contigo até o fim de sua vida.
Eu olhei para ela com expressão de terror. Até o fim de minha vida?

- Mas... Até o resto da minha vida é muito tempo.
- Não se engane...
- O que?
- Nada Helena, nada.
- Se não se incomodar... Eu gosto que me chamem de Nena.
Ela me olhou.
- Prefiro continuar lhe chamando de Helena.
- Tá, tudo bem... Faça como achar melhor.
Respondi sentando na cama. Ela se aproximou e sentou ao meu lado.
- Tem medo de mim, não tem?
Ela perguntou.
- Não... Claro que não. Por que teria?
Menti.
- Helena, parece que acabou de ver uma coisa horrenda, seus olhos ainda estão imensos e tu ficou quase mais pálida que eu.
- É que... Bom, tu é um fantasma. Se tu não estivesse morta teria medo de fantasmas também.
Ela baixou a cabeça e não respondeu. Droga, falei besteira.
- Desculpe... Eu me expressei errado, não entenda mal por favor.
- Não... Tudo bem, mas... Não é comigo que precisa se preocupar.
- Como assim?
- Vai entender depois...
Ela disse olhando em direção a porta do meu quarto.
- Filha, tua tia me ligou, vou na casa dela um pouco ta bom?
- Disse minha mãe na porta.
- Ta bom...
Eu disse olhando em volta, Franchesca não estava mais lá.
- Ham... Mãe, não quer que eu vá junto?
- O que? Tu detesta ir na casa da tua tia.
Eu dei uma risadinha sem graça.
- É, verdade...
- Bom, a mãe vai lá, volto aí pelas cinco ta bom?
- Tá, tchau mãe.

Minha mãe saiu, esperei ouvir ela fechando a porta da sala. Olhei em volta.
- Franchesca? Tá aí?
Fui até o corredor para ver se ela estava ali.
- Franchesca?
- Estou aqui!
Ela disse aparecendo de repente em minha frente. Pus a mão no peito.
- Tu me assustou...
- Desculpe. Eu estava vendo. Linda sua casa.
- Obrigada.
- Sua mãe gosta muito de ti não é?
Eu sorri.
- Claro, ela é minha mãe ué...
Ela deu um sorriso tristonho.
- Eu nunca conheci minha mãe.
- Sinto muito.
Falei indo para a sala e sentando no sofá. Em menos de um segundo ela apareceu sentada ao meu lado.
- Ela morreu quando eu era bebê.
- Então tu chegou conhecer ela... Só era muito pequena para se lembrar e...
Droga, eu continuava falando besteiras. Ela sorriu.
- É, pode ser...
- Enfim... O que tu tava falando antes?
- De tu não precisar se preocupar comigo?
- É... Não entendi direito, quer dizer, tu é a minha mascote. Então...
Ela ficou em silêncio.
- Ta bom... Acho que é falta de respeito te chamar de mascote não é?
- É.
- Ok, mas enfim... Foi tu que eu escolhi, quer dizer... Tu é o único fantasma aqui não é?

Ela olhou para mim, quando ela ia responder, o telefone tocou.
- Um momentinho.
Tirei o telefone do gancho.
- Alô?
- Helena?
A voz de Luiza era de choro.
- Lu? Tu tá bem?
- Não, ele apareceu Nena.
- Quem?
- O maldito fantasma!
Ela disse histérica, e depois começou a chorar.
- Lu, tu tá em casa?
- Sim, eu mandei ele embora, ele sumiu mas tem alguma coisa estranha aqui... Atrás de mim.
- Lu, calma, eu tô indo aí.
Desliguei o telefone. Franchesca estava ao meu lado.
- Eu... Eu preciso ir.
- Se quiser ajudar sua amiga, corre.
Corri até meu quarto tirei minhas pantufas e calcei um par de tênis. Peguei minhas chaves e saí.
Já fora de meu prédio corri até o ponto de táxi mais próximo, eu nunca chegaria lá rápido se fosse a pé.
Me joguei dentro de um táxi.
- Pra onde moça?
- Bairro Rio Branco, em frente o quartel militar.
- Podexá.
Ele disse. Ele acelerou e partiu.
- Acho melhor ele dirigir mais rápido.
Disse Franchesca sentada ao meu lado.
- Droga, tu sempre me assusta.
- Hãm? O que disse moça?
Perguntou o taxista.
- Não, não é com o senhor... Ham, poderia ir mais rápido?
- Sabe como é... A gente tem que respeitar o sinal vermelho.
Ele disse freando quando o sinal ainda estava amarelo.

- Droga...
Resmunguei.
- Esse tempo não melhora né?
Ele disse, o mesmo assunto de taxista de sempre.
- Aham.
Respondi apreensiva.
- Sempre chuva, chuva e chuva. Ou então aquele frio de rachar.
- Poisé.
O sinal abriu e ele continuou dirigindo.
- Sabe que outro dia eu quase me matei por causa da chuva, eu tava muito rápido e não consegui frear no sinal. Quase me acidentei e ainda levei multa.
Achei até engraçado uma lesma no volante daquelas dizendo isso.
- Ah, o senhor consegue dirigir rápido?
- É, não sou nenhum piloto de fórmula 1 né?! Mas até que me viro.
- Aham... Dá pra ir um pouquinho mais rápido?
- Dá não moça, se levo mais uma multa tô ferrado.
- Ah, droga...
Falei baixo. Franchesca me olhou com expressão preocupada.
- Ah... Graças a Deus.
Eu disse quando vi que já estava-mos chegando.
- O senhor pode parar aqui!
Eu disse, ele parou em frente o quartel.
- São 6 pila moça.
Dei uma nota de 10 reais. Ele pegou.
- Ih, não tem trocado não?
- Não senhor, não tenho.
Falei sem paciência.

- Ah, fica com o troco!
Eu disse descendo do táxi e atravessei a rua correndo.
O porteiro do prédio me conhecia bem então me deixou entrar. Chamei o elevador que costumava demorar.
- Helena, não tem escadas aqui?
Perguntou Franchesca.
Corri até a porta das escadas de emergência, ainda bem que minhas pernas são compridas e fortes.
Subia as escadas de dois em dois degraus. Luiza morava no quinto andar, eu ainda estava no segundo.
- Melhor se apressar.
Disse Franchesca parada no corredor.
Eu continuei correndo, já estava um pouco sem fôlego quando cheguei no andar de Luiza. Abri a porta e corri até o apartamento 22.
Toquei a campainha, ninguém atendeu.
- Droga.
Toquei a campainha de novo e nada... Comecei a bater na porta.
- Luiza!?!?
Gritei. Não ouvi nada em resposta. Comecei a praticamente socar a porta.
A porta, sozinha, abriu um pouco. Quando a empurrei algo forçou a porta e ela bateu fazendo barulho.

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Mensagem por Amanda Muniz Sáb 06 Nov 2010, 10:36

- Helena!!!
Gritou Luiza parecendo desesperada.
- Luiza, abre a porta!
- Eu não consigo!
Ela gritou chorando.
- Luiza, abre agora!
Eu gritei jogando meu corpo sobre a porta para tentar abrir. Luiza começou a gritar e eu ouvi vidros quebrando no apartamento dela.

- Luiza!
Gritei ainda batendo contra a porta.
- Vão embora!!!
Ela gritou. Ouvi passos correndo lá dentro. Continuei a ouvir barulhos de vidros quebrando, e agora portas batendo também.
- Franchesca o que eu faço?!
Perguntei ficando desesperada. Ela apenas me olhou e baixou a cabeça.
O barulho no apartamento de Luiza começou a ficar ainda mais enlouquecedor.
Ouvi Luiza gritar mais uma vez.
- Luiza, por favor! Sai daí!
Ouvi um tiro e todo o barulho parou.
- Ah meu Deus...
Quase não consegui pronunciar direito. Me encostei na parede do corredor e fui escorregando até sentar no chão.
Senti meu corpo tremendo. O porteiro chegou correndo.
- Eu ouvi barulho de tiro...
Ele disse assustado.
- A Luiza...
Falei quase chorando.
Ele arrombou a porta e entrou correndo. Instantes depois ele saiu, com a expressão assustada.
- O que ela tem? Eu quero entrar!
Eu disse nervosa. Ele balançou a cabeça assustado.
- Não querida, acho melhor não. Vamos lá para baixo.

Já na entrada do prédio sentei em um banco, o porteiro me trouxe um copo d'água.
E foi esperar alguém no portão.
- Fique aqui, ta bom?
Ele disse. Eu assenti.






- Ele ligou para a polícia.
Disse Franchesca.
- Por que? Cadê a Luiza?
Embora eu soubesse o que havia acontecido não queria acreditar. Franchesca não respondeu e ficou ali parada.
Ouvi as sirenes dos carros se aproximando. Logo um deles parou ali na frente.
- No quinto andar senhor.
Disse o porteiro.
Um dos policiais entrou primeiro, correndo. Ele parecia estar correndo em direção da Franchesca, parecia que ele ia passar por cima dela, mas ele atravessou seu corpo, e ela pareceu dissipar no ar.
Logo outros policiais passaram por ali e subiram as escadas, um deles carregando uma maca vazia.
Fiquei ali sentada, meus olhos estavam cheios de lágrimas mas nenhuma delas havia escorrido ainda.
Algum tempo depois dois policiais apareceram com a maca, mas ela não estava mais vazia. Luiza estava nela. Vi bastante sangue então preferi não ficar olhando muito.
- Não...
Falei antes de começar a chorar.

Outro desceu logo atrás com uma arma dentro de um saquinho.
- A menina estava com a arma na mão senhor.
Ele disse para um que parecia estar comandando.
- Moça?
Me chamou um deles parando na minha frente, ele era alto e tinha os cabelos claros e os olhos azuis, parecia ser bem forte.
- Sim...
Respondi limpando as lágrimas. Ele me deu um lencinho.
- Eu gostaria de fazer algumas perguntas... Se importa?
- Não, tudo bem...
- Ok, eu já volto.
Senti uma onda de frio e Franchesca estava na minha frente novamente.
- Eu vou contar sobre essa porcaria de mascotes!
Falei alto o suficiente para que ela ouvisse baixo o suficiente para os outros não ouvirem.
- Tu não pode! Eles vão achar que é louca, ou que usa algo...
- Drogas?
Perguntei.
- É! E vão fazer como fizeram com um dos meninos que está envolvido nisso, ele está em uma casa de repouso.
Ou seja, um hospício, pensei. Me lembrei de ter rido e de não ter acreditado quando falaram sobre esse garoto.
Fiquei sem falar.
- Tu não pode contar Helena.
Apenas assenti. Quando o policial loiro voltou aconteceu a mesma coisa de antes. Ele atravessou o corpo de Franchesca.
- Então... Não tem mesmo problema me responder algumas perguntas?
Ele perguntou.

Fiz que não com a cabeça.
- Ok, tu poderia me acompanhar até a delegacia?
- Mas eu não fiz nada...
Ele deu um sorriso.
- Nós sabemos que não, é só para ficarmos mais á vontade. Depois te levo para casa ta bom?
- Tá...
- Vamos.
Ele disse, indo em direção ao carro, eu fui atrás dele. Ele abriu a porta traseira do carro para mim entrar. Ele sentou no banco do motorista.
Pela janela os vi colocando a maca em uma ambulância.
- Então, qual seu nome?
- Helena.
- Hm... E tu é amiga da...
- Luiza?
- Isso, é amiga da Luiza?
- Sou.
- Tudo bem.
Ele disse.
Em dez minutos estava-mos na delegacia. Ele estacionou o carro e abriu a porta para mim descer.
- Vamos, entre.
Entrei, tinham alguns policiais lá, e algumas mesas de escritório, mas tinham duas ou três salas reservadas.
- Helena, vamos para minha sala, tudo bem?
- Sim.

Havia um balcão com arquivos, e uma mesa com alguns papéis e canetas em cima, gavetas e uma cadeira em cada lado.
- Pode sentar Helena.
Sentei e coloquei os cotovelos sobre a mesa. Ele sentou na minha frente.
- Então... Qual a tua idade?
- Tenho 17.
- Certo...
Ele disse começando a fazer anotações.
- Luiza e tu são muito próximas?
- Sim, nos vemos quase todos os dias.
- E que idade ela tem?
- A Luiza tem 18.
Respondi.
- Certo... Qual a última vez que se viram?
- Ela dormiu na minha casa esta noite.
- Ontem á noite ficaram em casa?
- S-sim...
Ele me olhou.
- Certeza?
- Na verdade não.
- Onde vocês foram?
- Fomos dar uma volta... Perto dos trilhos.
- Helena... Foram lá apenas dar uma volta?
- Não... Nós só...
- Vocês tinham algum compromisso marcado lá?
Demorei para responder.
- Sim. Recebemos um e-mail que dizia para irmos lá!
Parei de falar. Droga... Eu tinha falado de mais.

Ele parou de escrever e me olhou, os olhos azuis pareceram se assustar.
- Droga...
Ele disse levantando e indo em direção á porta.
- Um momento Helena, eu já volto.
Coloquei a cabeça sobre os braços na mesa.
- Droga, droga, droga...
Resmunguei.
- Que burrice! Não devia ter dito isso Helena.
Olhei para a frente e Franchesca estava sentada na mesa do policial que, olhando para a plaquinha de sua mesa, vi que se chamava Pedro.
- Desculpe, falei sem pensar...
- Pois devia ter pensado, eles desconfiam que algo está acontecendo lá, descobriram que três das pessoas que se mataram foram lá. E Luiza será a quarta.
- Mentira...
- Tu não viu como estava a situação dela, eu sim.
A porta se abriu, olhei na direção dela e o policial estava entrando. Franchesca já não estava mais ali.
- Helena... Sobre o que se tratava esse e-mail?
- N-nada de mais... Ham... Uns amigos nossos que mandaram, só pra gente conversar, essas coisas.
- Tem certeza?
- Tenho.
Eu disse de cabeça baixa. Ouvi a voz de uma mulher histérica chorando e falando palavrões. A sala tinha janelas grandes de vidro, então vi que era a mãe de Luiza.

- A mãe da menina está aqui...
Disse o policial.
- Ham... Pedro, não é?
Perguntei.
- Sim, desculpe, esqueci de lhe dizer meu nome.
- Tudo bem... Tu tem notícias da Luiza?
- É o que vou ver agora. Um momento por favor.
Fiquei observando, entre os policiais que estavam lá, a mãe de Luiza e uma mulher que estava com ela eu vi algo estranho aparecer, me aproximei da janela, separei as persianas para enxergar melhor.
- Não...
Sussurrei.
Era Luiza, ela estava entre eles, parecia confusa, parecia estar tentando chamar a atenção da mãe dela, mas ninguém a via lá. Ela virou para o lado da sala onde eu estava, tive a impressão de que ela me enxergou. O lado direito de seu rosto estava deformado, havia sangue, seus olhos pareciam irados.
- Meu deus...
Sentei de novo fazendo o sinal da cruz. Fiquei apavorada de mais para chorar. Ouvi o telefone tocar, um dos policiais atendeu e ficou ouvindo por um instante.
Ele falou com Pedro, que imediatamente voltou para a sala.
- Helena...
- Ela morreu não é?
Ele me olhou por um segundo.
- Sim... Sinto muito. Acabaram de avisar.

Ouvi a mãe de Luiza começar a chorar, mais desesperada que antes. Eu sentia vontade de chorar mas estava muito assustada com a imagem de Luiza.
- Helena... Por acaso vocês ouviram falar em pessoas que "compraram" - ele disse fazendo aspas com as mãos - fantasmas aqui na cidade?
Desviei os olhos dele.
- Já, já... Mas nunca nos interessamos por isso, sei lá... Mas já ouvimos falar sim.
Droga, eu não mentia muito bem.
- Tudo bem... Bom, nem sei porque perguntei isso. É que estou procurando algo sobre isso desde que um garoto disse que um dos amigos se matou porque comprou um fantasma.
- Alguém acreditou nele?
- Não...
Pedro disse coçando o queixo.
- Onde ele está agora?
- Clínica de repouso... Sabe como é. Você fala que vê fantasmas e te chamam de louco.
- Sim, sei como é.
- Luiza parecia uma menina que gostaria de tirar a própria vida?
- Não, era uma das pessoas mais de bem com a vida que eu conheci.
Respondi.
- Tudo bem... Helena, vou te levar para casa. Já avisamos tua mãe que tu está aqui.
Ele abriu a porta e esperou que eu passasse.
Pensei em consolar a mãe de Luiza, dar um abraço ou algo assim. Mas preferi não fazer isso naquele momento. Quando saí vi que já era noite.
Pedro abriu a porta do carro para mim.
Expliquei para ele onde era minha casa, não falamos nada no caminho.

Ele parou o carro na frente de meu prédio. Ele desceu do carro e abriu a porta para mim.
- Helena, foi um prazer conhece-la, apesar das circunstâncias.
- Obrigada...
- Precisando de alguma coisa ou tendo algum problema é só ligar.
Ele disse.
- Tá bom, pode deixar.
Eu disse.
Nos despedimos com um aperto de mão e ele ficou ali esperando até eu entrar.
Subi as escadas de vagar, me perguntando onde estaria Franchesca.
Entrei pela porta da cozinha e minha mãe estava esperando lá.
- Filha... Que horror isso que aconteceu...
Ela disse vindo me abraçar e ficando na ponta dos pés.
- Eu sei...
Eu disse.
- Meu Deus, ela tava aqui ontem... Tão contente como sempre!
- O que será que aconteceu com ela?
- Não sei mãe. Ela ligou chorando e...
- Eu cheguei lá e ouvi um tiro.
- Que horror filha. Ela não te contou nada? Terminou com o namorado ou algo assim?
- Não, ela nem tinha namorado... Bom, vou pro meu quarto mãe.
- Tá, vai lá. Qualquer coisa chama.
- Tá mãe.

Cheguei no meu quarto e fechei a porta, minha mãe estava ouvindo música na cozinha, então não me ouviria...
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Mensagem por MR.5534 Sáb 06 Nov 2010, 11:07

continua Very Happy
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Mensagem por henrik Sáb 06 Nov 2010, 11:31

vai ter o resto da continuaçao?
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Mensagem por Amanda Muniz Sáb 06 Nov 2010, 12:27

- Franchesca!!!
- Estou aqui!
Ela disse aparecendo de repente, me assustando de novo.
- Por que a Luiza morreu?
- Bom... Porque ela se deu um tiro na cabeça, ora bolas.
- Como pode ser tão fria?
- Eu não sou fria, vocês, vivos é que ligam muito para essas coisas. É a mesma coisa que falar de como morri, eu fiquei 30 segundos queimando viva depois morri. - Ela respondeu como se nada fosse. - Todos nós temos naturalidade para falar nisso.
- Vocês quem?
- Os mortos.
Seu rosto ficou sombrio por um instante.
- Mas enfim, acho que me expressei mal. Não foi isso que quis perguntar... Acha que eu não vi que ela se deu um tiro na cabeça? Eu quero saber é POR QUE ela fez isso?
Franchesca botou uma das mãos no peito e sentou no meu puf rosa.
- Tudo bem, tudo bem... Não precisa ser rude. Prometa que não vai ter um colapso nervoso...
- Ok, eu prometo.
- Tudo bem... Cada pessoa que nos compra acaba morrendo.
Fiquei sem ter o que dizer.
- Os mensageiros são espíritos também, mas eles se apossam do corpo de alguém para poder mandar correspondências ás pessoas.
- Correspondências?
- Sim, cartas... Ah é. Esqueci que agora mandam 'emeiouls'.
- Franchesca... E-mails.
Falei de vagar e movimentando exageradamente a boca. Ela olhou atenciosamente.
- Isso, esses e... Emei - ela mechia uma das mãos em círculos enquanto tentava pronunciar - ... Ah, essas coisas.

- Enfim... O tráfico de espíritos sempre existiu. Não sei é o que as pessoas tem na cabeça para querer ter um fantasma! Fantasmas não são bacanas...
- Como não? Tu é... Apesar dessas roupinhas de Coco Chanel e das suas gírias do tempo da minha bisavó eu até que te acho legal.
Ela revirou os olhos.
- Não Helena, tu não entendeu. Alguns podem ser legais, mas outros são péssimos, e maus.
- Foi o fantasma que a Luiza escolheu que fez ela se matar?
- Sim... Ele e outros.
- Outros???
- Sim, os mensageiros são trapaceiros, apartir do momento em que tu escolhe um fantasma, algo como um portal é aberto... E não fecha até não terem passado pelo menos mais três junto.
- Quer dizer que tem mais fantasmas aqui?!?!?
Levantei e olhei em volta assustada.
- Helena, calma. Sim, tem mais fantasmas, e eles não são bons.
- Ai meu Deus!
Coloquei as mãos na cabeça e sentei na cama respirando pela boca.
- Mas o que tu achou que fosse, Helena? O fantasminha camarada?
- Não, não! Eu nem achei que isso fosse sério, nem achei que algo fosse aparecer!
- Foi burrice ter ido lá, agora não tem como voltar atrás.
- E me avisa isso agora? Se tu acha isso por que tu veio?
- Por que eu sou obrigada, não gosto de fazer isso, mas preciso!

- Quantas vezes já fez isso?
Perguntei.
- Umas três... É terrível eu sei, mas não tive escolha, uma vez tentei salvar um garoto, mas não consegui, os espíritos que vem comigo não deixam... E as pessoas que não morrem geralmente enlouquecem.
- Tu vai me matar?
Comecei a ficar com medo, um frio na barriga começava a me atingir.
- Não, tecnicamente não.
- Não, Franchesca, tu não pode fazer isso...
Meus olhos começaram a encher de lágrimas.
- Ah Deus, eu não devia ter contado nada.
Ela falou colocando a mão de dedos compridos e magros na testa.
- Não! Não... Foi bom ter me falado isso.
- Foi bom dizer que vai morrer?
- Não! Isso não. Quanto tempo eu tenho?
- Depende...
Ela disse jogando a cabeça para o lado.
- Depende de que?
Perguntei.
- Depende dos outros, mais quatro estão comigo, eles não estão aqui agora, mas reze para que eles demorem a aparecer.
Minhas pernas começaram a tremer.
- Como eu vou morrer?
Franchesca hesitou.
- Melhor não falar sobre isso...
- Como eu vou morrer Franchesca?
- Queimada...
Ela falou baixo.

- Ótimo!
Falei, dando um pulinho. Frachesca de repente estava na minha frente.
- Helena... Morrer queimada não é ótimo.
- Não, eu sei que não, mas... Alguma pessoa já ficou sabendo de como morreria antes?
- Que eu saiba não, se souberam foram poucas.
Ela respondeu sem entender.
- Por isso que morreram!
Franchesca pareceu ter o olhar iluminado, como se tivesse entendido minha idéia.
- Eu só preciso de alguém que me ajude.
- Eu... Posso... Tentar ajudar.
Olhei para ela e me afastei um pouco.
- Na verdade estou falando de uma... Matéria concreta.
- Ah sim, alguém com bochechas rosadas e coração batendo.
- Droga, mas que vai me ajudar?
- Aquele policial parecia ter alguma credibilidade nisso.
- Pedro? Até parece, ele só estava fazendo o trabalho dele.
- Se tu diz...
Ela disse chacoalhando os ombros.
Naquela hora comecei a realmente sentir medo, a fixa estava finalmente caindo. Eu poderia estar morta em menos de uma semana.
- Está com medo não é?
Ela perguntou.
- Mas é óbvio.
Respondi.
- Depois que morremos não sentimos mais nada, não precisa se preocupar.
Eu a olhei séria.
- Franchesca, eu não vou morrer.
Aquilo parecia ser uma promessa de político, mas eu não queria morrer com 17 anos, e muito menos naquelas circunstâncias.

Deitei na cama e fiquei olhando para o teto, tentando pensar em algum modo de não morrer... Tinha algum jeito? Acho que não, mas aquela não era a hora de ser pessimista.
Quando sentei e olhei em volta Franchesca não estava ali, eu não chamei ela.
Eu poderia dar um jeito de fingir que ia me matar, mas fugir...
Não, eles iriam saber. No momento me perguntei algo. Por que eles faziam as pessoas se matarem? Sentei na cama novamente.
- Franchesca! Tá aí?
Ela apareceu sentada ao meu lado.
- Sim?
- Por que as pessoas precisam morrer?
- Por que todo mundo morre um dia, oras.
- Não... Por que os fantasmas matam as pessoas que compram eles?
- Bom... As almas das pessoas acabam virando mercadoria, e assim vai indo.
- A Luiza vai virar uma mascote?
- Quando ela souber que está morta e sua aparência ficar normal de novo, sim.
- Como assim, souber que está morta?
Franchesca me olhou.
- Ela ainda não sabe... Ninguém nunca sabe no início. Ficamos confusos, tentamos conversar com nossos familiares, mas eles não nos enxergam. Geralmente nos damos conta que estamos mortos quando paramos de sentir fome, quando as pessoas atravessam nossos corpos, e coisas assim.
Não respondi por um momento, e me lembrei do momento em que vi Luiza, ela estava desnorteada, realmente parecia não saber o que estava acontecendo.

Dei um pulo quando caiu a fixa.
- Gabriele! A menina que estava no lado de fora do prédio da estação férrea! É a menina que apareceu na TV, ela foi encontrada morta ontem. Agora tenho certeza que era ela.
- Quem é Gabriele?
Perguntou Franchesca.
- A menina gótica, que falou comigo e o resto do pessoal que estava lá ontem de noite.
- Eu não vi ela, mas enfim, já pensou em alguma coisa?
- Já, mas eu precisaria de ajuda... De pessoas vivas.
Franchesca empinou o nariz.
- Bom, o meu plano é mais ou menos assim...
- Não, não! Não fala, os outros que vieram comigo podem ouvir.
- Por que vocês fazem isso afinal?
- Por que nos mandam fazer, e... Bom, tu teve sorte de me escolher.
- Por que?
- Eu vou atrasar o processo o máximo possível. Sua amiga, por exemplo, escolheu um fantasma ruim, ou talvez entediado.
- Entediado?
- É... Tem alguns que gostam de ver a pessoa sentirem medo. Isto é diversão para eles.
- E tu não gosta?
Franchesca pensou um pouco...
- Hm, não. Acho desnecessário. E acho que atrapalhamos o ciclo normal das coisas.
- Como assim?
- Acha que hoje era a hora de sua amiga? Não, eles a levaram contra a vontade de...
Ela parou de falar e olhou para cima.
- Deus?
- É...

- Mas vocês não vão para o céu ou para o inferno?
Me senti idiota assim que perguntei isso.
- Sim, muitos vão para o céu... Outros, por algum motivo não, eu acho que cometi o terrível erro de ser muito ligada a coisas materiais. Os que nós levamos também demoram muito para ir para lá, porque geralmente são bem jovens e não seguem o ciclo natural...
Engoli em seco.
- E os que vão para o... Inferno?
Franchesca suspirou.
- O inferno é aqui, estamos fadados a ver nossa morte repetir-se inúmeras vezes, e acabamos ficando tão amargurados e entediados, que com o tempo ficamos ruins.
- Tu é ruim?
- Não... Ainda não. Mas algum dia serei, algum dia eu gostarei de fazer isso, de levar almas inocentes e de ver elas passarem pelo mesmo que eu.
Duvidei das palavras dela... Ela não era do tipo que faria isto por prazer.
- E os que ficaram aqui? Vão para o céu algum dia?
- Ah sim, claro que vão, mas as vezes isso pode demorar, o que é o meu caso. Mas vão, e é justamente por isso que os mensageiros precisam de almas novas... Para o estoque nunca acabar.
Bocejei.
- Acho que vou tomar um banho e dormir.
- Sim, faça isso.
Eu já estava saindo do quarto quando Franchesca me chamou.
- Pode ligar a TV para mim? Sabe como é né?
Ela disse tentando pegar o controle em cima do criado mudo, sua mão atravessava o controle mas não o segurava.
- Ah, claro. Promete não me assustar?
Ela deu uma risadinha.
- Prometo.

Abri o chuveiro e pendurei a toalha ao lado do box. Prendi o cabelo, já havia lavado naquele dia.
Fiquei uns 15 minutos no banho, bolando o que eu faria para tentar fugir da morte, eu parecia estar naqueles filmes em que a pessoa descobre que vai morrer em tal dia, faz de tudo para escapar e no final... Morre. Gelei com esse pensamento, eu não queria morrer.
Quando desliguei o chuveiro, me enrolei na toalha e fui escovar os dentes. Voltei para meu quarto e Franchesca continuava lá, do jeito que estava quando saí, não havia se movido nem um centímetro.
Peguei meu pijama em uma das portas do guarda roupas.
- Fran... Pode olhar para outro lado?
- Eu gosto mais de ser chamada pelo nome...
Ela respondeu sem se mexer. Revirei os olhos.
- Ok, Franchesca... Pode se virar?
Ela me olhou.
- Tu não tem nada que eu já não tenha visto, mas...
Ela disse desaparecendo, como sempre dissipando-se no ar. Cara, eu adorava quando ela fazia isso.
Depois de vestir o pijama, pulei em cima da cama e fui para debaixo das cobertas.
- Quer ficar assistindo TV Franchesca?
- Hm, não, pode desligar. Tu precisa dormir bem.
Ela disse aparecendo nos pés da cama. Desliguei a TV.
- Boa noite Franchesca...
- Boa noite Helena.
Apaguei a luz e não demorou muito para mim dormir.
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Mensagem por vinicius Sáb 06 Nov 2010, 12:40

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Mensagem por vinicius Sáb 06 Nov 2010, 12:52

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