O dia em que morri.
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O dia em que morri.
Ah! O dia que morri. O dia que morri foi um dia lindo, foi um dia libertador. Era Outono, fui abençoado por ter a última visão de minha vida o Outono.
De repente a dor sumiu, e não eram dores de doença, dores físicas, era a dor da vida, o pranto diário de um parido. O peso em meu pulmão se foi, o aperto no coração, o nó no estomago, a enxaqueca diária, o problemas do dia-a-dia, o tédio, a fadiga, a busca incessante pelo nada, pelo "não sei o quê". Tudo parou, naquele momento o mundo parou por um segundo. Segundo este que pareceram anos.
Meus olhos já sem vida olhavam uma sarjeta, e eu olhava meu corpo ali totalmente imóvel. Respirei aliviado com um único pensamento, "e agora?".
E agora mesmo? Será que tive uma vida boa? Será que meus pecados serão perdoados? Será que me arrependo? E o diabo? Deus? E agora?
A agonia da duvida foi tanta que meu coração deitado no chão bateu mais uma vez. A dor dominou meu corpo, dor esta que eu havia abandonado, como se estivessem despedaçando cada músculo de meu corpo. Não suportei a dor da agonia, meu corpo morreu, novamente, e tudo ficou negro.
Assim como quem acorda de um desmaio, as imagens voltam esmaecidas. Ouço uma voz.
- Acalma-se rapaz, para que tanta dúvida se o pior já passou?
Eu não conseguia responder, eu simplesmente percebi que não tinha mais a habilidade de falar. E a voz continuou.
- Acalme-se, você não conseguirá falar agora porque está em tempo de ouvir. A humanidade passa muito tempo falando, e pouco escuta. Se escutassem mais as coisas seriam tão mais fáceis, simples e organizadas. Por isso mesmo que quando vocês chegam aqui vocês não conseguem falar, porque é hora de escutar.
E assim ele continuou.
- Bem, estas são as últimas horas do seu corpo, você deve acompanhá-lo como uma ultima missão na terra. Tire proveito destes momentos depois voltaremos a nos ver.
E assim foi, passou a tarde e chegou o crepúsculo. Sentado ao lado do meu corpo pude ver tanta gente que há muito não via, tantos rostos conhecidos. As pessoas realmente não entendiam a morte, alguns estavam tristes, outros foram prestar condolências, outros ainda negavam o fato. Gostaria de confortá-los, gostaria realmente de confortar quem eu amava, e que estava lá porque me amava, mas eu não podia, eu não falava.
Foi bom ver todos lá, todos os que foram me ver pela última vez. Sabia que a jornada de muitos deles estava apenas na metade, no começo, ou no fim. Havia gente de todos os tipos.
Resolvi não acompanhar quando me levaram. Na verdade acho que ninguém conhecido deveria ir, é um momento sem necessidade onde colocam abaixo da terra um recipiente vazio.
Todos voltaram às suas casas, e aos poucos o lugar foi esvaziando. Quando todos se foram finalmente comecei minha nova jornada, em silêncio eu deveria caminhar para o sul, até hoje não sei porque, mas sabia que deveria fazê-lo.
Caminhei por muito tempo, sem sentir sono, cansaço, fome, cede, não sentia nada, apenas a vontade de seguir. Era engraçado ao passar por cidades, povoados ou postos de estradas. Eu podia sentir objetos inanimados, móveis, areia, até mesmo o vento, mas tudo que estava vivo simplesmente atravessava meu ser. Alguns animais até percebiam minha existência. Mas acho que vi raríssimas pessoas que se quer notaram minha passagem.
No final do Outono cheguei ao meu destino, uma praia. Lembrei da minha mãe. Lembrei do rapaz que conversou comigo logo que atravessei, ele disse que eu não falaria porque era tempo de ouvir. Nenhuma vez se quer ele conversou comigo em minha caminhada. Mas eu acho que não era disso que ele estava falando. Em silêncio, sem ser notado, pude ouvir o som do mundo, pude ouvir o som da minha alma, pude me ouvir e percebi que nunca havia me ouvido antes.
Passei uma vida inteira ao meu lado e eu nunca me ouvi o suficiente para saber quem eu realmente era. O que realmente eu queria, quais eram meus desejos, minha vontades, meus gostos. Tudo era por instinto. Fiquei triste já que se eu não me ouvi provavelmente não ouvi as outras pessoas. Quantas pessoas fantásticas eu deixei de perceber?
Então a felicidade é isso? Ter plena consciência de si mesmo, escutar o som da vida e do coração, escutar aqueles ao teu lado e saber quem realmente são. Quando o coração escuta não há mentiras.
Deixo aqui esta mensagem para um mundo que deixou de escutar. Não é uma história triste, e também não é uma história alegre. Mas é um ensinamento que vocês deveriam aprender. Aprender a escutar o som da vida, pois se vocês a escutarem tudo acabará bem.
Acredite.
De repente a dor sumiu, e não eram dores de doença, dores físicas, era a dor da vida, o pranto diário de um parido. O peso em meu pulmão se foi, o aperto no coração, o nó no estomago, a enxaqueca diária, o problemas do dia-a-dia, o tédio, a fadiga, a busca incessante pelo nada, pelo "não sei o quê". Tudo parou, naquele momento o mundo parou por um segundo. Segundo este que pareceram anos.
Meus olhos já sem vida olhavam uma sarjeta, e eu olhava meu corpo ali totalmente imóvel. Respirei aliviado com um único pensamento, "e agora?".
E agora mesmo? Será que tive uma vida boa? Será que meus pecados serão perdoados? Será que me arrependo? E o diabo? Deus? E agora?
A agonia da duvida foi tanta que meu coração deitado no chão bateu mais uma vez. A dor dominou meu corpo, dor esta que eu havia abandonado, como se estivessem despedaçando cada músculo de meu corpo. Não suportei a dor da agonia, meu corpo morreu, novamente, e tudo ficou negro.
Assim como quem acorda de um desmaio, as imagens voltam esmaecidas. Ouço uma voz.
- Acalma-se rapaz, para que tanta dúvida se o pior já passou?
Eu não conseguia responder, eu simplesmente percebi que não tinha mais a habilidade de falar. E a voz continuou.
- Acalme-se, você não conseguirá falar agora porque está em tempo de ouvir. A humanidade passa muito tempo falando, e pouco escuta. Se escutassem mais as coisas seriam tão mais fáceis, simples e organizadas. Por isso mesmo que quando vocês chegam aqui vocês não conseguem falar, porque é hora de escutar.
E assim ele continuou.
- Bem, estas são as últimas horas do seu corpo, você deve acompanhá-lo como uma ultima missão na terra. Tire proveito destes momentos depois voltaremos a nos ver.
E assim foi, passou a tarde e chegou o crepúsculo. Sentado ao lado do meu corpo pude ver tanta gente que há muito não via, tantos rostos conhecidos. As pessoas realmente não entendiam a morte, alguns estavam tristes, outros foram prestar condolências, outros ainda negavam o fato. Gostaria de confortá-los, gostaria realmente de confortar quem eu amava, e que estava lá porque me amava, mas eu não podia, eu não falava.
Foi bom ver todos lá, todos os que foram me ver pela última vez. Sabia que a jornada de muitos deles estava apenas na metade, no começo, ou no fim. Havia gente de todos os tipos.
Resolvi não acompanhar quando me levaram. Na verdade acho que ninguém conhecido deveria ir, é um momento sem necessidade onde colocam abaixo da terra um recipiente vazio.
Todos voltaram às suas casas, e aos poucos o lugar foi esvaziando. Quando todos se foram finalmente comecei minha nova jornada, em silêncio eu deveria caminhar para o sul, até hoje não sei porque, mas sabia que deveria fazê-lo.
Caminhei por muito tempo, sem sentir sono, cansaço, fome, cede, não sentia nada, apenas a vontade de seguir. Era engraçado ao passar por cidades, povoados ou postos de estradas. Eu podia sentir objetos inanimados, móveis, areia, até mesmo o vento, mas tudo que estava vivo simplesmente atravessava meu ser. Alguns animais até percebiam minha existência. Mas acho que vi raríssimas pessoas que se quer notaram minha passagem.
No final do Outono cheguei ao meu destino, uma praia. Lembrei da minha mãe. Lembrei do rapaz que conversou comigo logo que atravessei, ele disse que eu não falaria porque era tempo de ouvir. Nenhuma vez se quer ele conversou comigo em minha caminhada. Mas eu acho que não era disso que ele estava falando. Em silêncio, sem ser notado, pude ouvir o som do mundo, pude ouvir o som da minha alma, pude me ouvir e percebi que nunca havia me ouvido antes.
Passei uma vida inteira ao meu lado e eu nunca me ouvi o suficiente para saber quem eu realmente era. O que realmente eu queria, quais eram meus desejos, minha vontades, meus gostos. Tudo era por instinto. Fiquei triste já que se eu não me ouvi provavelmente não ouvi as outras pessoas. Quantas pessoas fantásticas eu deixei de perceber?
Então a felicidade é isso? Ter plena consciência de si mesmo, escutar o som da vida e do coração, escutar aqueles ao teu lado e saber quem realmente são. Quando o coração escuta não há mentiras.
Deixo aqui esta mensagem para um mundo que deixou de escutar. Não é uma história triste, e também não é uma história alegre. Mas é um ensinamento que vocês deveriam aprender. Aprender a escutar o som da vida, pois se vocês a escutarem tudo acabará bem.
Acredite.
Sawz!!- Moderador Global
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Data de inscrição : 19/07/2011
Re: O dia em que morri.
Ótimo Adorei
vinicius- Moderador
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Re: O dia em que morri.
Muito bom, vc que fez?
Gates- Moderador Global
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Data de inscrição : 17/12/2010
Re: O dia em que morri.
Nope, acho que me passaram por facebook. Não sei de onde tiraram, daí não deu pra por os créditos.
Sawz!!- Moderador Global
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