Anjos comedores de almas

por Juh_ Sáb 21 Ago 2010, 00:34

Monique corria pelas ruas de Tókio. Não sabia para onde ia, apenas corria. Para longe do barulho, para longe da morte. Um filete de sangue escorria de sua testa para sua boca. O gosto metálico quente em sua garganta.

Algumas horas antes...
Monique saía com seus pais do avião. Acabavam de chegar a Tókio para a final do Mundial universitário de Basquete. Seu irmão mais velho, John, competia pela sua escola. Era seu ídolo. Desde de pequena, Monique amava o irmão. Agora, ela com 15 anos e ele com 20, ela o idolatrava. Ele estava no terceiro ano da faculdade de Engenharia Mecânica, e ela no primeiro ano do colegial.
-O que você acha, Monique? - John perguntou, passando o braço pelos ombros da irmã - É aqui que seu irmão vai ganhar!
- Imagino que sim! Você é ótimo! -Monique respondeu com um largo sorriso.
- Onde é o Hotel? - sua mãe perguntou.
- No centro...peguem as malas. - seu pai respondeu, checando o mapa enviado pela escola de John.
- Aqui! Achei uma!- John segurou a irmã e a levou até os pais.
- Engraçadinho! - Monique mostrou a lingua e foi buscar a mala.

Após embarcados em um táxi, se encaminharam ao hotel.
- Gostei do quarto...vista legal...-Monique comentou.
- É, ótima... - John a abraçou por trás e deu-lhe um beijo no rosto.
- Vá se preparar querido. O jogo é daqui à 2 horas. - a mãe lhe avisou, já desfazendo a mala.
Depois de um bom banho, John e Monique desceram para conhecer o hotel. Desde de pequenos, quando viajavam, os dois exploravam os hoteis. Agora, já grandes, seus interesses mudaram. John adorava ver as garotas na piscina, ou os coqueteis do cardápio. Monique estava interessada apenas na piscina e nas festas da cidade. Ambos sentaram na sofá da entrada, esperando pelos pais. Após alguns minutos brincando e conversando, os pais desceram e todos se encaminharam para o estádio. Era de se esperar que várias garotas notassem seu irmão. Inglês, alto, magro, loiro com olhos verdes. Até mesmo Monique o achava lindo, mas ele era só dela, e da futura namorada dele. John sentia o mesmo em relação a irmã. Ela tinha cabelos loiros, até a cintura, olhos azuis, magra e delicada. O seu ciúmes era gigante.
No estádio, a bagunça era geral. Várias pessoas e outras universidades estavam lá para apoiar. Monique reconheceu um amigo de seu irmão. Christopher.
- Chris! - Monique berrou, e incrivelmente, Chris consegui ouvi-lá.
- Monique! Oi! - Monique e Christopher alimentavam um romance secreto. Ela gostava dele, e ele dela. Mas nenhum dos dois, os as outras pessoas sabia. De acordo com a "Regra dos amigos" estabelecida entre eles, era proibido ficar com a irmã do outro. Mesmo com o romance de John com Clarice, irmã de Chris. Eles não namoravam, mais se gostavam muito.
- Meu irmão já entrou. Ah, ola Clarice! - Monique reparou a presença da silenciosa irmã de Chris.
- Ola!
- Vamos entrar antes que comece. - o pai de Monique avisou. Na porta, antes de entregarem seus ingressos, Monique teve a sensação que algo péssimo iria acontecer, algo realmente horrível. Achou melhor não comentar, ou sua mãe poderia achar que seria algo com John.
Dentro do estádio, Monique sentou entre sua mãe e Chris, que lhe lançou um sorriso torto, que ela amava. Clarice olhou para ela com um sorriso de "Sabia!" com olhos arregalados. Ela percebera. Depois, colocou o dedo na frente da boca em sinal de silêncio. Nenhuma comentaria o segredo da outra.

Depois de um jogo duro e demorado, a Universidade de John ganhou.
- Sabia! Tinha certeza que você venceria. - falou Monique um tempo depois, abraçada no irmão do lado de fora do estádio, já vazio.
- Eae cara! Você venceu! - Chris e John se abraçaram. Monique se sentiu um pouco ciumenta me relação a Clarice, e um pouco envergonhada em relação a Chris.
- Temos que comemorar! - o pai decidiu - Vamos a um bar. E nada de bebida pra você Monique!
- Pai! Eu nem sou louca de pedir a você! Por isso pergunto ao John! Maninho, posso dar um gole no vinho???
- Nhaaaaaaaaaa... não!
Todos riram e foram para o táxi.

Então tudo aconteceu.
Algo entrou na frente do táxi. Algo grande e claro. O motorista virou rapidamente, o que fez o carro capotar. Foram segundos de agonia, que acabaram muito rápidos.
- John? - a voz de Monique saia rouca. A dor era muita.
- Monique, você tá bem???- a voz de John veio do seu lado.
Depois de um tempo, a mão de alguem veio ao resgate. Apertou o cinto de segurança de Monique e o de John.
Chris tirou-os do carro rapidamente. Em segundos de fraqueza, Clarice correu e abraçou John, e Chris abraçou Monique...os três se entreolharam, e John e Chris concordaram com a cabeça, algo que queria dizer "Se não tem geito...pode ficar" John se abaixou e verificou o táxi.
- Chama o resgate. - com lágrimas nos olhos, abraçou Monique. Ela entendeu. Eles morreram.

Uma luz veio de trás. Uma luz forte.
- Faz sinal! - Monique falou para John. Ele balançou o braço, achando que era um carro. A luz foi diminuindo. Até ficar com a silhueta de uma pessoa. Todos se levantaram e olharam...
Não era um carro. Era uma pessoa. Alta, forte e muito iluminada.
- Ola! Meu nome é Gabriel. Vim buscar suas almas!

To be contined...