A chave do apocalipse - 2

por Juh_ Qui 07 Out 2010, 21:08

Eu andei por vários locais com Thiago. Ruas escuros, cheias ou vazias, grandes ou apenas pequenos becos. Aquele lugar era um cidade. Uma cidade do submundo. Cheia de gritos e sofrimento. Era horrível pensar que eu estava no inferno. E meu irmão também iria para lá. Ele tentara se matar mais de uma vez. Mudar de casa em casa, mudar de famílias que não nos queria era triste. Ele não conseguia, ou não podia aguentar aquilo. Tentei fazer o meu melhor para protege-lo do mundo, mas nunca consegui. Agora era tarde. Eu deveria protege-lo de mim mesma. Se não conseguisse, não poderia proteger mais ninguém.

-Você tá bem? - a voz de Thiago penetrou em meus pensamentos. - Parece preocupada.
-Sim. - respondi automaticamente. - Meu irmão. Eu queria algo diferente para ele. Não o inferno e o apocalipse. Eu queria um vida, faculdade. Um futuro, que agora não existe mais.
-Existe. Mas não na terra. O inferno não é tão ruim. É quente e talvez ele consiga algo. A vários trabalhos por aqui.
-Sério? - me surpreendi com a informação. - Que tipos de trabalho?
-Ceifador de almas, limpador da alma, recolhedor de corpos, recepcionista...
-Talvez recepcionista! - a cada opção que ele falava, eu queria correr e impedir a chegada do meu irmão.
-Recepcionista da casa do demônio. - ele completou, com um sorriso no canto da boca.
-Caramba! Vocês não tem empregos normais? - imaginei ele na casa do demônio, servindo de lanche.
-Não...estamos no inferno.

Andamos por mais alguns lugares até chegarmos a um grande castelo que era, aparentemente, da era medieval.

-Essa é a nossa casa. Minha e da minha irmã. - ele abriu a grande porta de entrada de carvalho. A força dele me impressionou.
-Ah! Maninho! - a voz da irmã de Thiago veio do topo de uma grande escadaria de mármore a nossa frente. - Vocês demoraram. Estamos comendo. Venham!

Imaginei meu irmão comendo carne crua com as mãos. Perdi o equilíbrio e cai de quatro no chão.

-Você tá bem? - Thiago só me perguntava aquilo.
-Sim. - pensei em um dejavu. - Meu irmão tá comendo o que?

Subi as escadas com Thiago e me deparei com uma cena muito estranha. Meu irmão comendo um beirute enquanto a irmã de Thiago se debruçava sobre um cadaver e comia suas viceras. Meu estomago se embrulhou. Thiago me levou até o banheiro surpreendentemente rápido. Por cinco minutos fiquei trancada lá.

-Você está bem? - foi a primeira coisa que ouvi de Thiago quando sai do banheiro.
-Sim. - sentei ao lado de Juan.
-Oi maninha! - Juan pulou no meu pescoço. - Senti sua falta.
-Eu também meu amor. Eu realmente não queria que você estivesse aqui, mas, é bom te ver.

Pelo jantar, ninguém falou. Thiago me serviu um X-tudo, e comeu um monte de carne, com mais delicadeza que a irmã. Depois, Thiago levou Juan e a irmã para dormir.

-Boa noite, Fernanda. - Thiago a beijou na testa e a abraçou.
-Boa noite Irmão!
-Irmã, você acha que vai ficar tudo bem? - Juan me abraçou e falou ao meu ouvido.
-Claro meu amor. Tudo vai ficar bem.

Não sabia se era verdade, mas contanto que eu estivesse com ele, tudo facaria ótimo.